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O maior espetáculo em terra – Paulino Fernandes de Lima

O mundo artístico, assim como outros espetáculos públicos, foi mais um dos setores fortemente atingidos pela Pandemia, em todos os segmentos: cinemas, teatros, circos, etc. Entretanto, alguns desses espaços puderam se reinventar mais facilmente, a exemplo do Cinema, que se adaptou ao formato de televisão, a qual antes era opção secundária de exibição. “Noves fora” o espetáculo do segmento esportivo produzido pelo futebol, o Teatro e o Circo parecem ter sido os mais atingidos do mundo artístico, pois além da necessidade de terem de ser apresentados ao vivo, requerem, no ato, a presença do espectador.

Com as limitações impostas pela Pandemia, devido à necessidade de se evitarem aglomerações, a fissura da crise de mercado nessas searas é quase irreversível, especialmente para o mundo circense. E pelo que se tem notícia, esse estado já se agravou demasiadamente, ainda no estágio inicial da COVID, no ano passado. O Jornal Meio Norte trouxe uma matéria “da hora” (e do tempo), sobre essa calamitosa e indesejável situação, por que passou a viver o Circo, como podemos ler na Edição de 25.05.2020, disponível em: https://www.meionorte.com/blogs/culturaeturismo/artistas-do-piaui-lutam-pela-aprovacao-da-lei-de-emergencia-cultural-342289

“O maior espetáculo da terra” foi a feliz definição encontrada pelo Diretor Cecil B. De Mille, para dar título ao longa-metragem, que mostra os bastidores dessa valorosa exibição artística, genuinamente montada e apresentada, em terra. Reuniu elenco de primeira, com nomes como Betty Hiltton, Cornel Wide, Charlton Heston e James Stewart (vestido do palhaço Buttons, que nunca aparece de cara limpa). Um autêntico “making of” do Circo, cujo espetáculo é, precipuamente, de visualização sobre lonas, cordas e as indispensáveis salvas de palmas do respeitável público.

Enquanto a retomada ou, pelo menos, o adiamento do “adeus” é adiado, a Lei nº 14017/2020, será apenas um acalento para a uma grave crise, que só poderá se debelada, exitosamente, com a volta às apresentações que, no caso das circenses, deverá ser presencial e contar com o público.

A situação desse fascinante segmento artístico já não vinha sendo muito confortável. Com opções de entretenimento advindas da tecnologia, muitas pessoas não davam o valor artístico-cultural que tem o Circo; ou o qualificavam, de forma infeliz, como “coisa do passado”.

Com a Pandemia, a decadência de apresentações e de público só aumentou, o que pode se agravar ainda mais, pois a maioria dos profissionais que atuam no setor, ganham, ironicamente, seu pão de cada dia, no Circo. Poucos saem dali para outros mundos da arte, mas quando o fazem, sempre brilham, pois o trapézio por que passaram é uma escola, por excelência. Tanto a televisão, como o próprio Cinema já beberam de sua fonte, seja utilizando-a, como pano de fundo temático, a exemplo de Charlie Chaplin (O Circo); seja acolhendo artistas, que por lá desfilavam, como o ex-trapezista Burt Lancaster. No Brasil, nomes como Renato Aragão, Marcos Frota, Domingos Montagner e Lima Duarte tiveram suas origens, direta ou indiretamente, no Circo.

Aos que contribuíram e continuam contribuindo para essa arte milenar, dedicamos este Artigo, torcendo para que, ao mesmo tempo, cumpra sua função de apelo ao Poder público, a fim de que, tão logo esse indesejável período passe, o respeitável público seja chamado para ver o espetáculo que recomeçará!

Paulino Fernandes de Lima, 
Defensor público e professor.

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