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Carta de Taciana Valença a Monteiro Lobato

I COLETÂNEA DE MEMÓRIAS CARTAS A MONTEIRO LOBATO

Lobato,

Gosto da palavra Lobato, lembra lobo, que me dá medo, mas eu enfrento o medo, viu!? Por isso, corri aqui para escrever esta carta. Coração acelerado de tanta carreira! A culpa é toda sua!

O quintal da minha casa virou o capoeirão dos Taquarucus, aquele cerrado que Dona Benta não deixava que ninguém fosse. Pois é, a plantação de canas do quintal virou o cerrado fechado e proibido. Como sempre tive nariz um pouco arrebitado, me faço de Narizinho. O Marquês de Rabicó é um amigo, sempre obediente, levando todo pedido como uma ordem, facilitando a brincadeira. Pior é a amiga Renata, nunca quer ser o personagem que a gente diz. Pois então, estava justamente embrenhada na mata procurando a onça, ou gato grande de miado forte. Ah! Esse Marquês! Chegou esbaforido, mal conseguia falar.

Assim, quando Pedrinho (minha amiga mais alta) me contou sobre a onça, quase digo a Vó Benta e Tia Nastácia, mas ele não deixou, porque iria organizar a caçada e, se elas soubessem, é claro, o plano não se realizaria.

Foi preciso chamar o Visconde de Sabugosa (minha irmã) e a Emília (uma amiga mais velha) para seguirmos o plano de caçada. Desenhamos os rastros no chão e entramos por dentro dos pés de cana. Senti medo, realmente senti. Mas a onça era simplesmente o Cágado que rodeava a casa. Simulamos um facão e a morte do felino. Inclusive, o espanto de Dona Benta e Nastácia quando souberam da existência da onça.

E a vingança dos animais? Afff! Quando os amigos besouros contaram para a Emília o plano dos bichos, eu gelei, de verdade. Seria guerra! O rinoceronte que fugira do circo se tornou amigo e ajudou muito a resolver a questão com os animais.

Eita, minha mãe está chamando. Deve ser por causa da bagunça que fizemos lá trás.
Espera aí, Lobato, volto já!

Veja, esta poderia ter sido a carta por mim escrita aos nove anos de idade, quando saboreava cada personagem seu. Inventava e incrementava as histórias, queimava bolos feitos num forninho elétrico que tinha ganho, fazendo de conta que era a cozinha da Tia Nastácia, entre tantas outras coisinhas, típicas de criança. E tem um segredinho: era apaixonada pelo Pedrinho.

Bem, agora posso contar…

Então, a adulta, hoje escreve a felicidade que teve de brincar, ter lido seus livros e alimentado a criatividade, a imaginação, sentindo todas as emoções que uma criança poderia sentir.

Porém, algumas coisas também ficaram no subconsciente, por exemplo, Tia Nastácia, a velha empregada negra. Duas coisas me marcaram: uma, o fato dela ser negra, e por que não Dona Benta ou um dos seus netos? Por que alimentar que a pessoa negra deve fazer o trabalho pesado ou ser responsável pelas atividades da casa do branco?

Tanto tempo já havia passado desde a abolição. Essa é uma das importâncias da literatura, ela influencia, neste caso, e em tantos outros, acrescentando valores morais ou aprofundando o abismo que existe entre os humanos. Então, talvez, não só para mim, mas para tantas outras crianças, a ficção registrou no nosso sentimento uma realidade, um preconceito histórico que carregamos até hoje. É tanto que, após tantos anos, sua obra foi levada à Justiça, estando em debate sobre a sua importância literária nos tempos atuais, podendo, inclusive, ser retirada do programa nacional educação.

Entendo, querido Lobato, que, apesar da imensa criatividade de sua literatura, que tanto marcou minha infância, o escritor tem que levar em consideração o respeito pelo próximo e suas diferenças. Principalmente o escritor infantil, pois influenciará de forma decisiva na construção do caráter das crianças e dos seus valores.

Parece modismo falar de Direitos Humanos, mas não é, tivemos muitos avanços, porém, estamos longe do ideal. E é até esquisito falar de avanço quando o assunto é o respeito à dignidade do outro, aos direitos inerentes a todos os seres humanos, independentemente de quaisquer diferenças, sejam de cor, raça, etnia, idioma, religião, etc..

Então, na frase do livro Caçadas de Pedrinho que diz:

“É guerra das boas, não vai escapar ninguém, nem tia Anastácia, que tem cara preta”.

Entendo que seria dispensável destacar a cor da pele dela, como também é dispensável dizer que Dona Benta tem a cara branca.

E outra ainda,

“Sim, era o único jeito – e Tia Nastácia, esquecida dos seus numerosos reumatismos, trepou que nem uma macaca de carvão pelo mastro de São Pedro acima, com tal agilidade que parecia nunca ter feito outra coisa na vida senão trepar em mastros. ”

Fica, então, a pergunta: por que a “macaca de carvão”?

Ora, não entendo essa atitude como politicamente correta. É que, sinceramente, desde cedo as crianças têm que entender que todo ser humano deve ser respeitado em todas as suas diferenças, porque somos todos humanamente iguais.

No mais, Lobato, deixo minha eterna admiração, dizendo que, nos últimos três anos participei, no dia do seu aniversário, 18 de abril, de uma peça teatral onde, coincidentemente, fiz papel de Tia Nastácia. Para isso, pintei o rosto de preto. Confesso, não acho que precise manter tal personagem, responsável pela cozinha, necessariamente negra.

Por isso, no seu próximo aniversário, apresentaremos, com sua licença, Nastácia branca. Precisamos passar para as crianças que esta personagem pode ser de qualquer outra raça. Não endossarei uma concepção da qual discordo. Não acho que devemos contribuir, seja de que forma for, para aumentar preconceitos. E não acho que estou sendo chata, estou lutando por um mundo mais justo e humano.

O mundo, querido Lobato, precisa de mudança. Temos que evoluir na caminhada pelo humano. Basta de abismos entre as pessoas que necessitam caminhar em busca do desenvolvimento, crescimento e justiça social.

Deixo aqui, o meu mais sincero agradecimento pela grande obra que deixou e que jamais será esquecida.

Com meu afetuoso abraço.
Taciana

Recife, 26 de agosto de 2019.

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106 respostas

  1. Carta legal, esclarecedora porquê com uma abordagem referente a situação de raça e de classe!
    Parabéns!!
    Abraço
    Ivanilde

      1. Muito boa colocação. Tenho certeza q se Lobato lesse sua carta se desculparia, como o fez com o Jeca Tatu.

    1. Maravilhoso seu texto, passei pela experiência de ler e assistir. Apesar que na época que ele escreveu era natural os negros serem os empregados domésticos das casas grandes. Foi com grande alegria ver você colocar tão bem que hoje as “Tia Anastácia” ser de outra cor ou mesmo de outras etnias. Muito bom o seu posicionamento. Amei. 👏👏👏

  2. Anastácia é dos mais ricos personagens da literatura brasileira. Tenho um afeto profundo por esse doce e amplo personagem.

    1. TARCIANA você é uma pessoa iluminada .por onde passa DEIXA O cheiro das Rosas.bjsTUDO QUE VOCÊ FAZ É POR AMOR.MUITAS FELICIDADES.

  3. Às vezes o politicamente correto entra em algumas cartas… Mas a Carta foi escrita e depois acrescentada observações. Grande abraço, Monteiro Lobato.

    1. Caro, Lobato, as observações de hoje fazem parte desta carta, escrita nos dias de hoje. A sua literatura foi e continua sendo maravilhosa, inesquecível. Espero que tenha entendido o sentido real e profundo da minha observação, que em momento algum teve o intuito de manchar o brilho dessa obra tão marcante em nossas vidas. Os tempos eram outros, bem sei. Mas no imaginário seguiu, junto conosco. Um abraço.

      1. Que lindeza o respeito à obra e ao autor com o grito firme e doce dizendo ser imperativo contextualizar com a atualidade.
        Releitura e reescrita, já.
        Com letras que se conectam produzindo um texto que insere, agrega…
        Lobato, tem como não sentir orgulho de alguém que lhe traz vivo e contemporâneo?
        Segue seu voo, Taciana.
        E a gente curte e agradece seus percursos!

  4. Muito bom, reflexão sobre a arte da desmistificação social. Muito bom, nos faz recorda das leituras infantis, do respeito pelos mais velhos., da boa relação com a família . parabéns. Que venham mais cartas.

  5. Minha querida Taciana,
    Gostei imensamente de sua carta para Lobato – velhos amigos a cochichar trelas, brincadeiras de papel e reais, coisas sérias demais! “Basta de abismos entre as pessoas…”, recado bem dado, amigo Lobato! Aplausos minha poeta!
    Beijos e afeto
    Vernaide

  6. Que lindoTaciana, linda sua carta, resgatando as boas lembranças do sítio do pica pau amarelo, e da grande obra de Monteiro Lobato . Parabéns !

    1. Parabéns Taciana Valença, li e entendi o teu recado. Tua carta tem teor e cabimento. Tens uma visão abrangente cuturalmente.

  7. Também endosso o teu texto, minha querida amiga! Acredito sim, na Raça Humana. Qualquer outra que alguém tente nos mostrar, será alienígena. Todos nós temos o mesmo formato, o mesmo esqueleto… Que um dia vai virar pó! Precisamos nos educar… É a unica maneira que vejo da gente evoluir. Excelente trabalho e beijão no coração.

  8. Taciana, belíssima sua carta, me senti
    contemplada com seu resgate, voltei à infância, que viagem!!. Obrigada por nos proporcionar essa doce leitura.

  9. Parabéns, Taciana, pela carta repleta de pensamentos bem interessantes, todos voltados para a importância de um mundo mais humano, com mais respeito, menos preconceitos, onde o amor impere entre as pessoas. Os questionamentos específicos feitos ao grande e importante escritor Monteiro Lobato fazem todo sentido, na minha opinião.

    1. Gratidão, Glaucia, pela leitura e, principalmente pela compreensão do que foi dito, pois de forma alguma quis questionar a grandiosidade da obra de Lobato, apenas ressaltar uma questão de grande importância nos dias de hoje, visto que, apesar do tempo, certas questões continuam persistindo. Beijos, querida.

  10. O preconceito arraigado no escritor, mesmo o livro sendo um marco em minha infância, não posso negar que ele seja eivado de comentários racistas, tão em voga nos dias de hoje. Porque, senão explícito, o preconceito silencioso soa mais alto e penetra fundo em nossos corações, seja ele racial ou social. Quanto ao artigo, Taciana, está muito bom, vá em frente, entregue a carta, pois onde quer que esteja, Monteiro Lobato vai sim, querer se redimir.

  11. Taciana Valença como sempre lúcida e impecável em cada verso dito.
    Em tempos de caos, sua escrita é um alívio.
    Muito sucesso minha querida.

  12. Querida, Taciana. Encantado com a sua carta. Você escreveu uma poesia que nos faz recordar dos nossos bons momentos de fantasia e encantamentos diversos das história de Lobato. Parabéns e um forte abraço,
    Lula Couto.

  13. Simplesmente maravilhosa a sua análise…
    Isenta e respeitosa, porém incisiva como tem que ser com uma questão tão séria que você levantou.
    É na base que os valores têm que ser construídos.
    Nunca me ative aos detalhes que você tão sabiamente destacou, confesso…
    Mas agora já vejo Monteiro Lobato com outros olhos…
    “A palavra tem poder” e quem dela toma posse, não pode de forma alguma se esquecer que esta o perseguirá por toda vida e além dela também.
    “Puxão de orelha” bem dado!
    Parabéns pelo seu sempre brilhantismo, minha linda e querida poeta do coração.

    Sirlene Rosa

    1. Sirlene, querida, gratidão pela leitura. A obra dele é magnífica e fez parte da infância de todos nós, foi apenas uma questão de pontuar a responsabilidade que temos hoje em repassar para as crianças esse ranço, esse preconceito. Sei que foi escrito sem maldade, pois e algo que, inconscientemente carregamos, mas hoje sabemos o quanto isso pesa para o nosso atraso, principalmente nas questões de respeito ao próximo nas diferenças, sejam elas quais forem. Grande beijo, querida.

  14. Taciana, adorei sua carta. Pertinente. Principalmente para hoje, em nosso tempo, já que há uma energia de fortificação e incentivo aos preconceitos, e ao retrocesso em virtude do recorde de incompetentes com quem temos convivido. Acho que Lobato lhe responderia falando sobre o tempo dele, e que você o compreenderia porque em tempos outros ele estaria justificado em seus textos. Parabéns. Como sempre, é muito bom ler você.

    1. Celia, muito obrigada pela leitura. Entendo perfeitamente o tempo dele e a grandiosidade de sua obra jamais será questionada. Grande beijo.

  15. Querida Taciana,
    Quando comecei a ler sua carta, imediatamente lembrei das brincadeiras de minha infância, o quintal, os personagens, as brigas pelos melhores papéis, passou um filme em minha cabeça. Não entendi, você ter começado falando de coragem, até que cheguei na parte de Tia Nastácia, então vi sua coragem, contestar Monteiro Lobato, em seu racismo, e principalmente falar da influencia que ele exerceu com sua obra, é um ato de coragem e principalmente de sensatez e humanidade. Obrigada, por tal coragem, de longe você foi chata, os corajosos e sinceros não são chatos, são sim, coerentes. Beijos querida!
    Larissa Rodrigues

    1. Larissa, querida, ainda bem que entendeu. Como já expliquei, e deveria ter explicado na carta, entendo perfeitamente que na época havia uma leveza quanto a essas questões, e, de forma alguma uma, obra tão grandiosa seria por mim criticada. Mas, trazendo para o hoje, acho que os escritores devem ter maior cuidado. A preocupação de como as histórias se concretizam no imaginário da criança é de suma importância, pois fará parte dos conceitos que irão formar a cerca de tantas coisas. Claro que, naquela época havia uma leveza a esse respeito, mas estamos vendo que, mesmo nas levezas se carrega o ranço e preconceito, mesmo que tenha sido dito sem maldade alguma, que foi o caso, Um grande beijo e gratidão pelo comentário.

  16. Taciana, sua carta deixa uma reflexão muito significativa a respeito da intolerância. No entanto, o saldo do legado deixado por Monteiro Lobato é extremamente positivo, levando-se em consideração o contexto social da época em que ele viveu. Parabéns!!!

    1. Verdade, Salete. De forma alguma a intenção foi desconsiderar de alguma forma sua tão marcante obra. Talvez devesse ter acrescentado isso ao texto. Mas hoje sabemos que temos que evitar a perpetuação de todos os tipos de preconceitos e, como é na infância que se forma o caráter e a percepção da criança sobre o mundo, acho que a literatura tem essa grande responsabilidade. Naquela época não havia essa preocupação. É que hoje, após tantos anos, percebemos que temos que ter um cuidado maior quanto às questões humanas. Beijos e muito grata pela leitura.

  17. Bela carta ao nosso grande Lobato. Que nos deixou obras inesquecíveis. Ainda naquela época, o racismo ainda mais presente por conta da escravidão. E vc tem toda razão, desde muito pequenos. devemos ensinar as crianças. que somos todos iguais, independente de cor, raca, religião, ideologias, … Parabéns! Belíssima carta.

    1. Muito bom minha amiga Taciana, carta muito boa, Monteiro Lobato iria adorar ler tudo isso. Abraço minha amiga.

  18. Querid , Taciana tens o dom de escrever , e que maravilha ter tido está infância com histórias como está , e o sonhar que nos leva a tantos lugares . Parabéns minha querida amiga e muitas saudades .

  19. Que maravilha de carta ensaio, prezada poetisa e escritora Taciana Valença! A sugestão de recriação da peça, à obra do pai da literatura infantojuvenil, é pertinente, pois ela é coerente e inclusiva! A influência da escravatura na referida obra é muito evidente! Acredito, que tal iniciativa da amiga, será muito bem recebida por todos os brasileiros. Afetuoso fraterno abraço. Sucesso!!!

  20. Muito bom Taciana, retrata a realidade de uma sociedade preconceitosa, que não tem o menor intersse em mudar, basta vê o presidente eleito que temos

  21. Belo mergulho, querida Taciana! A criança e a adulta se misturando narrativamente deixa tudo palatável e gostoso de ler. Bela sacada! Adorei! Ah se voltássemos todos a escrever cartas…

    1. Sidney Nicéas, obrigada pela leitura. Pois é, meu plano das cartas está de pé. Avisarei. Beijos, amigo.

  22. “Turututurutu, turututurututu”…. tudo muito bem colocado por você, Taciana, nessa revisitação poética e esclarecedora de sua parte na maior obra literária de Lobato. Um passeio gostoso pelo mundo do “filhote do lobo”, onde você não se omitiu de comentar conceitos antigos arraigados em Monteiro e na sociedade de então, de forma diplomática, trazendo à luz expressões de personagens marcados pelas injustiças, apesar das enormes contribuições à formação da maioria das crianças brasileiras, como também revivenciou um mundo de conflitos, cooperações, companheirismo, amizades, brincadeiras, simplicidades, fantasias e muito mais, trazendo uma preocupação, porém um posicionamento firme nos valores atuais de justiça e afeto tudo isso embalado na melodia “….marmelada de banana, bananada de goiaba, goiabada de marmelo, Sítio do pica-pau amareloooooo”… Parabéns, Taciana, gostei muito.

  23. Parabéns Taciana!
    Vc foi impecável em cada palavra,
    O que vc escreveu nos faz voltar ao passado e recordar tantos momentos bem vividos, nas aventuras das histórias de Monteiro Lobato,nos faz voltar tbem para uma época cheia de fantasia e beleza, resgatando assim tantas lembranças maravilhosas.
    Vale salientar que essa carta é uma bela reflexão pra nós.
    Parabéns mais uma vez !!!!

  24. Excelente conteúdo! A criatividade com que se conversa ou se desabafa é escrita que enlaça assuntos tão pouco enfrentados e que por tal motivo são tão cruéis à sociedade.

  25. Que lindeza o respeito à obra e ao autor com o grito firme e doce dizendo ser imperativo contextualizar com a atualidade.
    Releitura e reescrita, já.
    Com letras que se conectam produzindo um texto que insere, agrega…
    Lobato, tem como não sentir orgulho de alguém que lhe traz vivo e contemporâneo?
    Segue seu voo, Taciana.
    E a gente curte e agradece seus percursos!

  26. Que bela e necessária carta! Você foi perfeita em suas considerações, pertinentes e reflexivas. Não é atoa que sou sua fã! Afetuoso abraço

  27. Lindo texto, Poeta Taciana Valença!
    Precisamos mesmo, largar essa velha roupa suja, velada no preconceito racial.

  28. Monteiro Lobato faz parte do meu imaginário e até hoje sinto saudades do sitio mas a abordagem vale a reflexão!

  29. Taciana querida, que vc eh mulher inteligente eu ja sabia e todos que a vonhecem tb ja sabem esta verdade ! Mas ao ler sua carta para Lobato encontrei em voce uma mulher ousada, de certa forma e no melhor dela, atrevida e corajosa ao escrever com tanta consciencia uma carta atual desafiadora para os Lobatos de nossos tempos! Parabens minha querida ! Vc eh mesmo especial e ej mto bom te-la conosco e entre nos ! Bjo c todo meu respeito e admiracao que tenho por vc
    Viviane Torquato

  30. Muito bacana sua carta diagnostica, muita gente do nosso Brasil desconhece essa faceta nas entre linhas do escrito Monteiro L. , Valeu querida poeta esclarecida e esclareceu que no meio de tanta criatividade lúdica literalmente aviam tantos preconceitos..Escreveu e disse querida poeta e escritora…
    VALEU .

  31. Coisa linda esse texto, Taciana Valença! Excelente reflexão sobre a obra de Monteiro Lobato.

  32. esse carta bem que poderia ser lida em todas as escolas do país.
    tb daria um bom programa de tv com direito a debates e tudo mais.
    mais, remetida ao Lobato e lida, como tenho certeza que ele o faria a resposta seria imediata. ele sentaria na escrivaninha, tomaria entre os dedos a pena – nada de impessoalidades da máquina de escrever- e escreveria
    …minha querida leitora Taciana, você tem toda razão, tia Nastácia não precisa ser empregada nem ser negra. fico feliz com seu alerta. Da próxima vez que atuar como Tia Anastácia branca me convide que vou.
    Abraço cordial do
    Lobato.

    p.s. Adorei ser chamado de Lobato.

  33. Lobato. Defensor da eugenia, tinha ódio e desprezo por pessoas negras. Tomei o maior susto quando li uma descrição que ele faz ao falar de um trem suburbano carregando gente preta e pobre no Rio de Janeiro. Reconheço sua importância no contexto da cultura brasileira, mas tenho pelo cidadão que ele foi o meu mais profundo asco por suas crenças racistas, pregava entre outras coisas esterilizar a população afro-descendente no Brasil. Tenho bisavô negro.
    Dependesse de gente como ele eu não estaria aqui né? Meus dois filhos têm mãe negra. Impossível não levar em conta esse lado sombrio dele.

    1. Apesar da atual campanha de desqualificação do escritor em relação a temas polêmicos, como eugenia e racismo, encontramos em seu único romance, futurista, originalmente publicado em 1926, O presidente negro e o choque das raças, ressaltado o erro cometido nos Estados Unidos e no Brasil, em relação à colonização, que foi trazer o negro para as Américas, quando deveria ter permanecido em solo africano.
      Lobato faz, ainda, uma dura crítica ao antropólogo João Batista de Lacerda, que, em texto publicado em 1911, apresenta sua profecia sobre o branqueamento da população brasileira, que aconteceria até o início do século XXI.

  34. Taciana querida
    Adorei sua carta. Muito criativa.
    Só peço um favor: Deixa Lobato escrever “cara preta” com tranquilidade. Eram essas as palavras de que dispunha naquele tempo, amiga. Como usar outras?
    Tive uma boneca de pano. Preta. Chamava-se Benedita. Feita por uma meio irmã com idade de ser minha tia. Adorava Benedita.
    Era esse o contexto, estou falando de 1957.
    Eita…lembrei que no Memórias Afetivas tem uma foto minha com Benedita no colo.

    Então. Felizmente as coisas estão mudando. Assim mesmo, no gerúndio…
    Perdoe Lobato, ninguém é perfeito…rsrs
    Abraço com carinho.

    1. Fátima, querida, sei sim de todo o contexto e época. Mas é hora da voz, da humanização e de formar, através da escrita, crianças que serão adultos menos preconceituosos. Monteiro Lobato terá sempre minha grande admiração,

  35. Parabéns Taciana!
    Você é uma grande mulher e escritora.
    Gosto do seu jeito firme e simples de ser.
    Abraço afetuoso de Suzana Cavalcanti.

  36. Taciana, Monteiro Lobato, com certeza gostaria de conhecer você para dizer que você é uma leitora e escritora talentosa. Por aí está o seu nome, Taciana, talentosa. Abraços.

  37. Taciana querida
    Como grande humanista que você e , a sua carta a esse escritor que tanto aguçou a imaginação das crianças com suas estórias mirabolantes, não poderia deixar de ter esse teor político e social.
    Parabéns por sua belíssima carta.

  38. Taciana,
    um texto todo seu, como só você o faria.
    Gostaria de ter lido no primeiro dia.
    Se Lobato tivesse recebido sua carta ainda em vida,
    certamente teria deixado para morrer, no mínimo,
    dez anos depois, por mais cansado que estivesse.
    Adorei,

    J. G. Pascale

    1. Obrigada. J.G. Pascale, pela sua leitura e comentário, tão importantes para mim.

      Um abraço.

  39. Já nas primeiras palavras dirigidas ao Escritor nascido em Taubaté, é possível sentir sua disposição e ânimo necessário para compartilhar os fatos. Essa é uma das essências da carta. Dali para adiante, sua notável sensibilidade e aguda observação vão se revelando, o que nos remete às memórias da vida e da obra do Autor. Parabéns pelo trabalho de resgate!

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