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Rivaldo Chagas Mafra

Imagem editada de uma foto de autoria Carlos Cajueiro

PRIVAÇÃO DA PAISAGEM: fotografando nas sendas do acaso

 

A Fotografia, pelo menos na versão francesa de sua invenção, tem ligação com imagens de paisagem capturadas de janelas do piso superior de casas.  Assim foi a foto, VISTA DA JANELA EN GRAS, considerada a primeira do mundo, feita por Joseph Nicéphore Niépce em 1826. Louis-Jacques-Mandé Daguerre, considerado, pelo governo francês, inventor da Fotografia, fez a primeira foto, BOULEVARD DU TEMPLE/PARIS- 1837, também de uma janela do pavimento superior de sua residência. Portanto, não foi por acaso que fotógrafos famosos capturaram imagens, de paisagens urbanas e outros temas, das janelas de edifícios onde residiam ou trabalhavam. Na década de 1930, Alfred Stieglitz, destacado fotógrafo americano, registrou, de seu apartamento, o ritmo frenético das construções na cidade de Nova York. Percebeu, porém, que o empreendimento, ao reduzir sua área de visão, privava a captura de imagens amplas das paisagens urbanas. Fenômeno, aparentemente similar, guardadas as devidas proporções geográficas e históricas, ocorre atualmente No Brasil.  A ocupação imobiliária desenfreada da orla-marítima de algumas cidades vem privando a visão direta das belas praias.

Em Casa Caiada/Olinda, o fenômeno se repete. Uma muralha de cimento, em frente ao prédio onde resido, restringe a visão direta da paisagem da beira-mar. A partir de 2016, comecei a fotografar da janela do apartamento no 5°andar. Um olhar, quase cotidiano e inteiramente ao acaso, ensejou a vontade de registrar cenas do desfile da vida nesse fragmento da paisagem. Assim, foram feitos registros tentativos sobre o desfile da vida: na calçada e vias de transportes; nos edifícios e na estreita, visualizada entre construções, faixa da orla-marítima,

Uma parcela das imagens revelou, ao lado de aspectos físicos do fragmento da paisagem, a presença de múltiplos tipos de relacionamentos das pessoas, tanto com o meio-natural quanto com o espaço-construído. Outro grupo de imagens, porém, mostrou também haver conexões entre as pessoas. Assim, ocupando ou usando o espaço, as pessoas estabelecem entre si alguns tipos de conexões: aparentemente colaborativos quando elas pertencem ao mesmo grupo social (Figura 01); aparentemente conflitivos quando elas pertencem a estratos sociais diferentes (Figura 02).

FIGURA O1

 

FIGURA O2

 


Rivaldo Mafra

Engenheiro-Agrônomo (UFRPE)1962) e Professor Aposentado da UFRPE. A Fotografia esteve sempre presente em sua vida. De início, no registro das atividades de pesquisa e ensino. Na aposentadoria, como atividade prazerosa de ocupação do tempo livre. A iniciação à fotografia artística envolveu a participação em cursos rápidos, oficinas, saídas fotográficas do PFC e eventos do Pequeno Encontro da Fotografia. Iniciou o compartilhamento adquirido, ministrando, como voluntário, o curso ”Reaprendendo a Ver na Maturidade Plena: fotografando com celular” para grupo de idosos do NAISCI/UPE (2017/2019). Em 2022, promoveu o bate-papo sobre Fotografia de Viagem (CNL&A. Conduziu as Oficinas FIAT LUZ! Fotografando artisticamente com celular (CNL&A, 2022 e A alegria de fotografar criativamente com smartphone na maturidade plena, no ano de 2023. Apresentou (2023) o trabalho “Reaprendendo a ver na maturidade plena” na Mesa “Curso de Fotografia com Celular com Exposição de Fotos de Pessoas Egressas do NAISCI/UPE 2023. Lançou, em 2023, o fotolivro “ASSIM VI’.

 

20 respostas

  1. Excelente registro das formas desordenadas e desiguais em que as cidades vão se construindo. Parabéns pelo trabalho. Temos fome de espaços vivos e compartilhados!

  2. A sensibilidade das lentes de Mafra nos faz ver outras paisagens, insuspeitas sob a névoa que o cotidiano costuma produzir na nossa visão.

  3. A sensibilidade de Rivaldi Mafra no manuseio da sua “inquieta” lente, vive a nos presentear com imagens que chegam a ser poéticas.
    Grato, Mafra!

  4. Parabéns, Prof. Mafra, por seu amor e dedicação à Fotografia. Gratidão por tudo e por tanto que tem nos ensinado sobre a arte de fotografar! Vc é brilhante e inspirador. Um grande abraço, com admiração e estima.

  5. Desde já parabenizo por essa brava missão de produzir,elevar,fomentar e incentivar essa arte de forma sensível,atual e com a inclusão de talentos, despertando no outro a vontade de participar de processos de percepção de uma forma de olhar tão apurado e evidenciando que a arte não tem idade, é atemporal e se representa em todos os momentos de nossas vidas. Tiro o meu chapéu por admiração,orgulho e Contemplação.

  6. Muito interessante a visão sensível do fotógrafo. Chama atenção para além da imagem, distintas atividades sociais ocupam o mesmo espaço urbano. Nos remete a liberdade de utilização da paisagem, independente da classe social..

  7. O treinamento com o prof. Rivaldo Mafra de fotografar com celular, despertou-me para capturar momentos da vida que se desenrolam a nossa vista e que posso guardar independente do tempo e espaço.

  8. Se reinventar na vida, é a forma mais produtiva que um ser humano pode usar em seu benefício. Isto faz muito bem o professor e Eng Agrônomo Rivaldo Mafra, escolhendo a arte de fotografar como atividade principal do momento etário em que vive. Ora fotografando com arte, ora ensinando como é do seu feitio

  9. A experiência e o amor pela luz, faz do autor uma excelente referência de fotografia. Seu livro, “Assim Vi” expressa muito do que eu acredito na fotografia, mesmo que amadora e sem compromisso.
    Mafra é estudioso e se mostra um poço de informação, principalmente sobre o assunto. Tá aí uma postagem que mostra um ínfimo da sua cultura e vontade de ensinar.

  10. Parabéns, professor que sabe transformar suas vivências em artes de grande valor,imagens lindissimas capacidade de transforma um cotidiano em algo co. multiplas ações visuais.

  11. Simplesmente demais, imperdível o próximo encontro, com o professor Rivaldo Mafra. Os amantes da fotografia deverão disputar fazer de tudo para comparecer. Meu Pai sucesso, no próximo evento. Beijos.

  12. Sr. Mafra,me encanta muito a fotografia. A forma como ela começou a fazer parte da sua vida e vem ganhado espaço e admiração na nossa sociedade.
    Espero em breve poder admirar seu trabalho mais de perto, e aprender mais com o senhor, a fotografia muito me acalma.
    sucesso!

  13. Texto maravilhoso. Parabéns, Professor Mafra! sua competência e sensibilidade em tudo que faz são qualidades muito marcantes. Que privilégio conhecê-lo e sempre aprender com você.

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