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420m (Sumaúma)

 

Tombara 420

Era ela a visão da ERA

Era ela a imagem majestosa dos olhos de Deus sobre a terra.

Tornara-se mesa de casa de bacana

Antes fosse banca pra escola

Pois não…

alimentava a vida ostentada de quem nunca plantou.

Engrossou as contas do banco…

que se sentou em centenas de lágrimas.

Roncou tombou caiu.

Como se não houvesse dor;

como se não houvesse rio.

E todo brejo secou,

secou também o Brasil.

 

Grão

 

É um menino amarelo, negro, branco, encarnado.

Deslizava geladas cambalhotas.

Sorriso enferrujado.

Vendo refletir nas luzes o nítido inesperado:

– Um copo de coca-cola, um bife acebolado.

Estende a mão pro mundo,

dorme mudo,

acorda calado.

 

Os dentes rangiam a procura de morder, NÃO a CARNE DA VIDA, MAS o lado PODRE do PODER.

 


Célia Martins

é poeta, escritora, pintora, atriz, diretora de peças teatrais em espaços alternativos. Dirige o equipamento cultural A CASA do SOL. Olinda-Pernambuco.

Professora da rede municipal de ensino do Recife, formada em Letras/UFPE (Português/Francês), é especialista em Docência no ensino superior, foco no universo indígena, sob o título: EDUCAÇÃO INDIGENISTA, um tema ausente na maioria das escolas de Pernambuco, pesquisadora de línguas indígenas.

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