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Apresentação de Sidney Nicéas, por Geórgia Alves*

Sidney Nicéas – Destaque artístico-literário Abril/2022

Destaque artístico-literário de abril/22 – Sidney Nicéas

Coordenação geral: Bernadete Bruto

 

Sobre Sidney Nicéas e o tempo como imagem móvel

“O tempo é uma imagem móvel da eternidade”. Sidney escolhe boas imagens. Noite em clara – um romance (e uma mulher) em fragmentos, é fruto de sua insônia, constitui uma das narrativas de maior densidade lírica da Literatura Contemporânea de Pernambuco. Reproduzo e você que lê, diga se é veredicto preciso:

“A primeira manhã que nunca fui também não existiu. Pálpebras fingidas a simular ausência. Torpor. Ela mergulhou tão em si que retornar não parecia ser mais possibilidade. O verde agora era somente mato… Não havia sol que a refletisse. Não havia rumo que a conduzisse. Não havia vida que burlasse o gosto amargo do sêmen que teimava em queimar sua pele, seu sexo, sua alma. Ainda estava lá sozinha. Mato e morro em mim”.  A que lugar da morte – ou pequena morte? – o narrador se refere?

No conto “Porrada!”, uma coletânea de contos entre “parceiros do crime”, Marcelino Freire, a autora e o editor do blog e programa na web: Tesão Literário. No livro de contos (2017), Sidney refreia o homem em versão mais monstruosa. O velho com dentaduras arremessadas no impacto dos punhos contra o queixo, o “ímpeto incontrolável contra si. A rua molhada movimentada inane. Morreria? Toda juventude era tempestade explodindo em sua pele flácida, olhos, maxilar… Tudo tão gasto. Agora inchado. Ensanguentado. Asfalto era colchão.”

O velho morrerá para ver nascer a versão em ficção da mulher que amou muito na vida. Sidney Nicéas ama tudo que toda e transforma em ouro. Enquanto o velho do conto “Porrada!” “via tudo com olhar de assombro”, insone, Sidney enxerga em quase tudo uma possibilidade de dar vida. Dar brilho. De realçar o mundo inteiro em Literatura aliada, afinada ao eu lírico. Nada escapa aos olhos cansados do autor que desmembrou e a metade dele atravessou o Atlântico e a outra cresce extrovertida, tendo brotado do terreno fértil que é Recife. Recife de amores e sombras nasce no ano dos amores de Sid.

Recife de sombras e noites insones, que Sidney segura em pulso firme. Como a manter no fio da navalha a Literatura e a cobertura literária. Dos diálogos. Sou suspeita para dizer mais sobre este amigo de quem prezo a Literatura e a força de luta, sempre a continuar seguindo se equilibrando neste espaço afiado entre a Literatura e o Jornalismo. Finamente atuando no portal com colaboradores de um oceano de textos.

Das Conexões Atlânticas que nos reuniram. A noite aguarda varar madrugada. Enquanto o curador, articulador, editor, jornalista, comentarista da CBN, colaborador dos espaços mantém na labuta diária. A passos firmes entre um território e outro. Febril. Com outros parceiros deste destino. A vida é a mesma, de mais uma biografia, uma ficção, em vias de nascer da pena, de modo que anuncie: Sidney, autor mutante, atravesse o rio sendo você mesmo. Uma imagem móvel do tempo, pela eternidade.

  • Mestra em Teoria Literária pela Universidade Federal de Pernambuco. Professora de Arte. Escreve no Tesão Literário, Mundo Desejante e Espaço da Cultura. Autora de A caixa-preta, Reflexo dos Górgias e Filosofia da Sede. Compartilha com o autor Sidney Nicéas a publicação “Recife de Amores e Sombras”.

Geórgia Alves

 

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