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Cá de cima

observo o mundo,

num ruir profundo.

 

Pássaros anunciam

céus de agonias,

 

sobre Terra,

viúva dos homens,

 

sobre trevas,

d’ingratos filhos

saídos dos trilhos.

 

Incapazes criaturas,

calaram nobres desejos,

 

pularam estações,

fecharam os olhos às

lições.

 

Fúteis, fracas,

enfadonhas,

miseráveis,

tristonhas…

 

Riscaram de sangue a

história do mundo,

 

cavaram abismos de

lamaçal profundo.

 

Cá de cima observo a

dor dos fiéis servos do

amor,

 

suspensos em vida,

prévio luto como fruto

cegueira da alma.

 

Cá de cima leio

memórias escritas em

sangue, assinadas

pelos covardes.

 

Livro sem título

d’um mundo

interrompido pelas

farsas.

 

Cá de cima temo

pelos paliativos, pelos

inativos e orfandade

generalizada.

 

Cá de cima saudades

do mundo que se

preparou para ser,

mas que o não ser dos

homens conseguiu ceifar. 

 

https://www.culturanordestina.com.br

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Respostas de 4

  1. Olá Táciana, ver, ler, sentir e constatar em sua bela e profunda Escrita como o mundo em que via e vivia lhe faz falta!
    O tecido daquela sociedade que vinha se desgastando, esgarçando-se rompeu- se e o tempo foi partido e os homens perdidos vagam em busca de um caminho, uma saída….
    É preciso a construção de uma nova perspectivas e a Escrita vai ajudar nessa tarefa. Os escritores, poetas são os grandes artesãos para resgatar e socializar os sentimentos que o ser social, Humano vinha gerando e estavam sendo destruídos!!
    Que sejamos, os escritores, a vanguarda nessa luta de formar a nova organização social, a Sociedade verdadeiramente Humana!!!
    Ivanildescritora

    1. Ivanilde, seu comentário me deixou muito feliz! Aliás, sendo você uma estudiosa incansável sobre a humanidade, e eu, uma eterna admiradora, devo dizer que tive e tenho a sorte de fazer leituras ao seu lado e apreender muitas coisas que passavam soltas ao largo da minha percepção. Aproveito para dizer da grande importância da sua presença em minha vida, justamente um pouco tempo antes de toda essa reviravolta na vida de todos nós, coisa tão prevista durante nossos estudos, mesmo sem a pandemia. Muito obrigada, querida.

  2. Que coisa profunda minha querida poetisa. Só os poetas são capazes exprimir em linhas ora graciosas ora tortuosas essa torrente de sentimentos de uma humanidade caótica. Saúde e Paz.

  3. Belíssimas palavras em sentimentos profundos para nós nos atentarmos ao nosso finito mundo, que a humanidade o faz, muitas vezes, imundo, levando-nos ao submundo, entretanto temos muitos olhares de boas almas a lutarem pela solidariedade entre povos num abraço rotundo.

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