Cá de cima
observo o mundo,
num ruir profundo.
Pássaros anunciam
céus de agonias,
sobre Terra,
viúva dos homens,
sobre trevas,
d’ingratos filhos
saídos dos trilhos.
Incapazes criaturas,
calaram nobres desejos,
pularam estações,
fecharam os olhos às
lições.
Fúteis, fracas,
enfadonhas,
miseráveis,
tristonhas…
Riscaram de sangue a
história do mundo,
cavaram abismos de
lamaçal profundo.
Cá de cima observo a
dor dos fiéis servos do
amor,
suspensos em vida,
prévio luto como fruto
cegueira da alma.
Cá de cima leio
memórias escritas em
sangue, assinadas
pelos covardes.
Livro sem título
d’um mundo
interrompido pelas
farsas.
Cá de cima temo
pelos paliativos, pelos
inativos e orfandade
generalizada.
Cá de cima saudades
do mundo que se
preparou para ser,
mas que o não ser dos
homens conseguiu ceifar.
Respostas de 4
Olá Táciana, ver, ler, sentir e constatar em sua bela e profunda Escrita como o mundo em que via e vivia lhe faz falta!
O tecido daquela sociedade que vinha se desgastando, esgarçando-se rompeu- se e o tempo foi partido e os homens perdidos vagam em busca de um caminho, uma saída….
É preciso a construção de uma nova perspectivas e a Escrita vai ajudar nessa tarefa. Os escritores, poetas são os grandes artesãos para resgatar e socializar os sentimentos que o ser social, Humano vinha gerando e estavam sendo destruídos!!
Que sejamos, os escritores, a vanguarda nessa luta de formar a nova organização social, a Sociedade verdadeiramente Humana!!!
Ivanildescritora
Ivanilde, seu comentário me deixou muito feliz! Aliás, sendo você uma estudiosa incansável sobre a humanidade, e eu, uma eterna admiradora, devo dizer que tive e tenho a sorte de fazer leituras ao seu lado e apreender muitas coisas que passavam soltas ao largo da minha percepção. Aproveito para dizer da grande importância da sua presença em minha vida, justamente um pouco tempo antes de toda essa reviravolta na vida de todos nós, coisa tão prevista durante nossos estudos, mesmo sem a pandemia. Muito obrigada, querida.
Que coisa profunda minha querida poetisa. Só os poetas são capazes exprimir em linhas ora graciosas ora tortuosas essa torrente de sentimentos de uma humanidade caótica. Saúde e Paz.
Belíssimas palavras em sentimentos profundos para nós nos atentarmos ao nosso finito mundo, que a humanidade o faz, muitas vezes, imundo, levando-nos ao submundo, entretanto temos muitos olhares de boas almas a lutarem pela solidariedade entre povos num abraço rotundo.