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O sonho de Maria, por Colly Holanda

colly

Colly Holanda é natural de Natal/RN. Geógrafa, escritora, intérprete e promotora cultural. Publicou três livros infantojuvenis pela Editora Prazer de Ler, três infantis pela Enseada das Letras, um de crônicas, contos e poemas – Reflexos da Memória. Participa de quinze antologias, sendo duas delas internacionais. É associada à União Brasileira de Escritores – UBE, Rede de Associados Letras & Artes – LETRART, Academia Internacional de Literatura e Artes – AILA, e Associação Literária e Artística de Mulheres Potiguares – ALAMP.

 

O sonho de Maria

O verão mal havia começado e o sol estava de rachar a cuca, como se diz por essas bandas. A casa onde Maria e mais quatro irmãozinhos moravam era tão quente, que mais parecia  o grande forno da padaria de seu Jorge. O único ventilador não dava conta de refrescar a casa, que era dividida apenas por cortinas feitas de lençóis. Quando o vento do ventilador soprava nas cortinas  elas se pareciam fantasmas prontos para assustar. A menina era a mais velha, os outros irmãos a viam como uma espécie de mãe-mirim. Quando a mãe não estava em casa, a mãe-mirim era quem dava conta dos quatro irmãos.

O dia 12 de outubro estava chegando. Maria sabia que era dia de ganhar presente,  essas coisas que o mundo consumista ensina o dia todo, todo dia. Sonhar com os presentes que desejava ganhar não era proibido, muito embora soubesse que não passaria de um sonho.

Um notebook ou um celular era o sonho de Maria,  que chegou até a comentar com a mãe.

Lindóia, a mãe de Maria, chegou em casa soprando e se abanando de tanto calor. Sentou-se bem em frente ao ventilador e começou a remexer na sacola procurando pelas balas que havia trazido para os filhos. Entregou uma para cada um e eles fizeram a festa. Maria, disse a mãe,  veja esse papel que estão distribuindo lá  no comércio. É um  concurso para crianças que tenham até dez anos, você pode participar. Maria com os olhos brilhando de contentamento pega o pequeno folheto e lê em voz alta: crie uma pequena frase que contenha as palavras AMOR e PRESENTE.  A data para entrega da frase era até sexta feira, e o resultado do concurso iria ser no dia 12 de outubro, o domingo próximo. Faça a sua frase que amanhã eu levo e coloco na caixa da loja.

As fotos do notebook e do celular que ilustravam o folheto deixaram Maria empolgada.

Depois que todos foram dormir a menina pegou  caderno e caneta e começou a imaginar qual frase fazer para participar do concurso. Embora o seu desejo fosse o de ganhar os prêmios,  a possibilidade de sonhar já lhe deixava animada.

No dia seguinte Maria entregou para a mãe um envelope com o seu nome e endereço. A mãe olha a filha e diz: a concorrência vai ser grande, Maria!

Mais de 6.000 criancas haviam feito a inscrição.  Os dias até domingo pareciam não passar.

Mamãe,  perguntou Maria,  como vamos saber quem ganhou? O resultado será dado no domingo, às dez horas, lá loja. Enfim, domingo. Maria foi a primeira a levantar. Quando os outros estavam se arrumando ela já tinha feito o café e impaciente esperava pra comerem juntos.

Vamos andando pra loja porque senão a gente chega atrasada.

Quando chegaram em frente à loja, uma grande faixa feita com luz neon recebia as pessoas com a seguinte frase: AMOR SEJA PRESENTE! Frase feita por Maria da Luz Holanda, a vencedora do concurso! A alegria pode ser intensa a ponto de provocar as lágrimas,  e foi isso mesmo que aconteceu.

 

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