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FÁBULA – José Luiz Mélo

POSTAGEM SEMANAL DE ASSOCIADOS

FÁBULA
1
José Luiz Mélo, 02/2017

No meu quintal, um galo extrovertido,
de coloridas penas no pescoço,
trombeteia a manhã com alvoroço,
e me desperta com seu alarido.

No outro quintal, um ganso, introvertido,
com ar cansado, bica, seu almoço,
entretanto o que come ele acha insosso,
− Não lhe dão seu petisco preferido.

Assim, lá vamos nós, na vida afora,
cada qual com seu jeito, vai embora,
Ignora em que rumo se perdeu,

sem que ninguém vá receber os louros,
porque, da vida, seu maior tesouro,
o seu vizinho foi quem mereceu.

FÁBULA
2
José Luiz Mélo, Gravatá, 02/2017

Hoje meu galo está muito estressado,
e o que se escuta em meio a algaravia
do galinheiro e na periferia,
é um murmurejar contrariado.

E mais, o cacarejo e a ironia
das galinhas, em seu matraqueado,
fez meu galo perder a fidalguia,
baixar a crista, fica desnorteado!

Não dá para sentir pena do galo,
devia tolerar melhor a gente,
e ser ciente que para o regalo

do que é na vida mais transcendental,
vai precisar apenas, tão somente,
aquilo que lhe for essencial.

FÁBULA
3
José Luiz Mélo, Gravatá, 02/2017

Um dia, o ganso enfim, muda de vida,
troca a plumagem, escova o penteado,
se olha no espelho, sai pela Avenida
como um frajola, bem despreocupado.

Lá vai o ganso com a testa erguida,
esbanjando alegria e entusiasmado,
não lhe preocupa a hora da comida,
sonha com um poleiro enluarado.

Ensaia um canto novo na garganta,
para saudar o sol que se levanta,
− Bem mais sonoro que daquele galo!

Porém, o que se escuta é o alvoroço,
do galo que abre um leque no pescoço,
e diz: −Aqui sou quem canta de galo!

ganso

galo

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