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De volta à carta aberta, por Suzana Cavalcanti

DIVULGAÇÃO SEMANAL DE ASSOCIADOS

suzana

Porque a minha mão infatigável procura o interior e o avesso da aparência (Mia Couto)

Iniciei minha militância política aos 17 anos, como aluna secundarista do Instituto Profissional Maria Auxiliadora, no Recife, ao lado de Ir. Irmã Neiva Lobato Sampaio, minha professora e orientadora pedagógica, e Dom Hélder Câmara (in memoriam), Arcebispo de Recife e Olinda, nas Comunidades Eclesiais de Base e no Movimento de Jovens da Igreja Católica do Bongi. Na época, o que unia as esquerdas era a luta pela anistia, por equidade e justiça social.

Ao entrar na Universidade Federal de Pernambuco, como aluna dos cursos de Comunicação Social, Licenciatura em Teoria e Prática da Comunicação, Comunicação e Redação e Edição e Mestrado em Educação, militei ao lado dos estudantes que faziam parte do Movimento Estudantil da UFPE, especialmente, ao lado do meu ex-companheiro, Raimundo Fernandes de Souza.

Até este momento, as esquerdas estavam unidas e conseguiam atingir seus objetivos. Com a redemocratização conseguimos eleger numa ampla frente, em dois mandatos distintos, o então candidato Jarbas Vasconcelos, prefeito do Recife. Até aí eu era um quadro do Movimento da Educação Popular no Estado.

Neste sentido foi que apoiei, junto às comunidades, os nomes dos professores João Francisco de Souza, Edla Soares e Hélcio Matos, para uma chapa tríplice a ser escolhida para ocupar o cargo de Secretário de Educação e Presidente da Fundação Guararapes. Com o nosso apoio, os professores Edla Soares e João Francisco de Souza foram escolhidos para os cargos citados, e o Movimento de Educação Popular do Recife me elege, então, como representante do Movimento das Escolas Comunitárias.

Aceitei o desafio, com todas as contradições em servir à comunidade (sociedade), e de representar o Estado (Prefeitura). Não foi fácil conciliar interesses aparentemente diversos, mas, na medida do possível, obtivemos muitas conquistas: merenda escolar, material didático, capacitação e curso de Magistério para professores leigos do Recife e Região Metropolitana.

À medida que a luta foi se ampliando, outros espaços foram se abrindo, quando o então diretor-presidente do Centro de Cultura Luiz Freire (Olinda), Valdemar de Oliveira Neto, convidou-me para assumir a direção do Centro juntamente com Eduardo Homem e Aldenice Rodrigues Oliveira. Ao mesmo tempo, passei a coordenar o Serviço de Apoio à Educação Alternativa ao lado de Carmem Lúcia Bezerra Bandeira e Inalda Neves Batista. Juntas, articulamos e ajudamos a formalizar os grupos de Educação e Cultura Popular no estado e em outras capitais brasileiras.

Em 1991 fiz o Concurso de Professores da Universidade de Pernambuco e precisei me afastar das atividades do Centro Luiz Freire para cuidar da carreira profissional e acadêmica. Na Universidade me sindicalizo e, ao lado dos colegas, luto por uma Universidade Pública Popular de qualidade, e inclusiva.

A essa altura, já há algum tempo filiada ao Partido dos Trabalhadores e apoiando todos os companheiros e camaradas da legenda, fiquei mais próxima da Profª Teresa Leitão e do ex-prefeito do Recife, João Paulo. Juntos, lutamos por Lula presidente e, depois, por Dilma. Foram anos de muitos avanços e ganhos econômicos, políticos e sociais, para o povo brasileiro.

Hoje, após o golpe, defronto-me com mais uma eleição e a certeza do que me move: a paixão e o sonho. A paixão de um coração sempre jovem de uma eterna aprendiz; o sonho, fruto da luta por um mundo justo, solidário e fraterno para todos.

Voltando para saber o sentimento do povo (familiares, vizinhos e amigos) e dos colegas da Universidade, sou logo interrogada:
– E agora, Suzana, você pede voto para João Paulo ou Teresa Leitão?

Refleti muito e vou pedir votos para os dois candidatos a Deputado Estadual: A Deputada Estadual, Professora Teresa Leitão é a cara do povo da Educação de Pernambuco (representa o projeto democrático popular do PT Estadual e Nacional), e o ex-prefeito João Paulo (representa a luta da esquerda comunista em nosso Estado) e que concluiu o curso de Direito do Trabalho e Processual, em nível de Pós-graduação (lato sensu), e cursa o Mestrado Profissional em Inovação e Desenvolvimento, é a cara do Partido dos Trabalhadores estando filiado ao PC do B.

O voto é secreto e vem do coração. Só na hora eu decido, pois está muito difícil escolher entre duas pessoas que sempre chegam perto quando precisamos. Não sei se é possível ser fiel escudeira de dos líderes, mas eu sou. Quero pensar com a razão e a emoção.

Gostaria de refletir mais, antes de optar outra vez por uma legenda, porém, não sei se este é o caminho para quem aposta num espaço cultural independente, como a Cultura Nordestina Letras & Artes, administrada pela arquiteta Salete Rêgo Barros – amiga fiel e acolhedora dos meus sonhos –, que tem como eixos principais de trabalho a cultura, a arte e a educação, como meio de transformação social.

Como presidente do Conselho Consultivo da LETRART e Coordenadora do Café, Cultura e Afeto, estou aberta ao diálogo com todos os segmentos políticos, mas que fique bem claro: é sempre na esquerda que eu estarei.

Em relação a apoiar ou não o governador Paulo Câmara, ainda estou amadurecendo a ideia, ouvindo o povo, os colegas, amigos e militantes, ex-alunos tanto do PT como do PCdoB. Enquanto servidora pública é muito confortável receber o meu salário em dia. Quanto ao cargo de Deputado Federal, amei conhecer o candidato Carlos Veras, um jovem de 37 anos, que consegue escrever lindas histórias junto aos trabalhadores do campo e da cidade. É de uma leveza impressionante, e está sendo apoiado por meu grupo político de San Martin: Simão, Danilson, Rigoberto e Gregue.

No mais, é a luta e o apoio à chapa Lula, Haddad e Manoela d’Ávila, fato que deveria unir as esquerdas, hoje. Moral da história: voto na minha trajetória em nome do bem comum e do coletivo: amor e liberdade para todos.

Hoje eu entendo a mim mesma, porque só eu vivi e experimentei a minha história, porque me conheço, sei o que sinto, o que faço e porque eu faço. Hoje eu me respeito e me aprovo. Hoje eu honro a divindade que há em mim.

É como um quadro profissional e político formado pelos professores da UFPE com sólida base ético-político-moral e acadêmica (lembro-me com saudades das professoras Marileide Costa – CE/Mestrado em Educação e Ana Vieira, Anita Aline (in memoriam) e Alexandra Mustafá – CCSA/Mestrado em Serviço Social) que venho expor minhas experiências e inquietações sem esperar adesões e mais para querer ouvir e buscar uma saída para as nossas questões no coletivo, sempre.
Hoje, 50 anos depois, sinto que, através do exemplo de meus mestres(as) e mentores(as) tenho condições de realizar o meu propósito: servir à comunidade num projeto de cultura, arte e educação que seja para todos.

Suzana Lopes Cavalcanti é jornalista, publicitária, licenciada em Redação e Edição, Teoria e Técnica da Comunicação e especialista em Educação pela UFPE. É professora aposentada da UPE. Atualmente, é associada à Rede de Associados Letras & Artes – LETRART e coordenadora do programa Café, Cultura e Afeto, da Cultura Nordestina Letras & Artes.

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