Este é o retrato do Centro cultural com sede à rua Luiz Guimarães, 555, no Poço da Panela, no Recife, que completa 7 anos de atividades este mês – são 7 anos de resistência, desafios e conquistas.
O Ponto de Cultura Nordestina, reconhecido pelo Ministério da Cultura em março/2016, tornou-se um local de referência por oferecer acolhimento, trocas, oportunidades e realizações para os prestadores de atenção, aqueles que são “capazes de ouvir e de entender estrelas”, diria o poeta.
O caminho percorrido até aqui, segue uma linha evolutiva que passa pela autoconfiança, convicção e segurança, com o sentimento de ser um espaço bem-vindo e importante na vida das pessoas.
A cada dia, novos desafios vão surgindo sendo, porém, o maior deles, a autossustentação da sede. Longe de ser um empreendimento comercial, a Cultura Nordestina conta com a contribuição financeira de associados, procura desenvolver projetos e estabelecer parcerias que gerem receita suficiente para manter o espaço funcionando, o que, infelizmente, ainda não acontece.
É uma tarefa desafiadora, a de convencer pessoas a respeito da responsabilidade que elas podem e devem ter com toda a humanidade e, não apenas, com o seu restrito grupo familiar e de amigos. Para alguém se sentir parte integrante de um grupo mais abrangente é preciso ser capaz de se colocar no lugar do outro, para poder entendê-lo; de compreender que a alegria de uns não pode e nem deve ser calcada na tristeza de outros, para poder se tornar mais humano; de saber que quando o indivíduo adoece, o corpo social, também, adoece. É fácil entender que, inevitavelmente, toda a sociedade será beneficiada quando todos tiverem acesso aos bens culturais da nação. E todo o resto virá por acréscimo.
Um espaço cultural independente e atuante na perspectiva de transformação da sociedade, através da construção de práticas educativas, como é o caso das oficinas O fio da meada – artes e ofícios, O lúdico na arte, Oficina de criação literária, entre outras, motivou a criação da Rede de Associados Letras & Artes – LETRART e de seus núcleos – Literatura, Arte e Cultura, Educação, Infantojuvenil, Filosofia, Editoração, através dos quais são elaborados projetos visando o desenvolvimento de práticas culturais que expressam sentimentos, aproximam os diferentes, tocam o coração das pessoas auxiliando-as no processo de formação crítica e de construção de sua autonomia e emancipação, independentemente de condição social, gênero, cor ou credo.
O atual cenário de desmonte de nossas conquistas sociais vem se configurando numa constante ameaça às bases de formação da nação brasileira, que é definida pelo conjunto de características culturais, tradições, língua, costumes, entre outros fatores, que formam a identidade pela qual os indivíduos se identificam e se sentem partes de um grupo.
Ao ignorar o pacto social estabelecido na Constituição de 1988, o Estado brasileiro fere mortalmente o que de mais precioso existe para a sociedade. No entanto, esta ameaça encontrará a resistência necessária para que ainda mais forte se torne o elo que une os três eixos essenciais na construção de uma sociedade sadia – arte, educação e cultura. Historicamente, sabemos que isso é possível, se pensarmos em Educação como um processo evolutivo capaz de transformar o ser humano e a dinâmica de sua cultura, que envolve tudo o que ele é capaz de criar. É através da Educação que o direito de as pessoas se apropriarem da cultura é plenamente realizado; é através da Educação que as pessoas estarão aptas a entender o caráter subjetivo e humano de uma nação.
Ao longo desses 7 anos, pessoas sensíveis foram se incorporando ao nosso quadro e, hoje, contamos com parcerias que mantêm acesa a chama da esperança de que, em breve, teremos um espaço com autonomia suficiente para garantir a sua autossustentação.
Junte-se a nós!