A Terra – Gaia, é a morada de todos os seres vivos que foram gerados pela Mãe Natureza, sendo considerado o seu produto mais acabado, a espécie humana, que produziu o seu próprio mundo pelo trabalho e com o trabalho. Daí porque o Humano é trabalho e pelo trabalho se faz humano. Infelizmente, no estágio em que se encontra o mundo por ele construído, enquanto organização social, o capital destrói o próprio criador e o destitui de sua humanidade. Dessa forma, a perspectiva de emancipação histórica o arrasta cada vez mais, apesar do avanço da ciência e da tecnologia, ao retorno à barbaridade. E a sociedade capitalista, considerada como a pré-história da humanidade, nessa relação de produção gerou um imenso cabedal social de conhecimento, infelizmente, apropriado privadamente. Através de atos violentos ela quer se manter nessa relação de produção, expropriação e apropriação, cujo resultado é, não apenas o retorno à barbárie, mas, sobretudo, a eliminação da própria espécie. Daí a ressalva: ou se ultrapassa essa forma de organização capitalista ou o desaparecimento da espécie será inevitável.
A grande questão a ser enfrentada é o cuidado com a nossa morada, o planeta Terra, e a Natureza-Mãe. Quanto mais o ser humano se afasta da Natureza mais dela precisa, portanto, conservá-la é determinante porque é a garantia da sobrevivência da própria espécie. Para tanto é necessário compreender o surgimento da espécie e o processo histórico de sua caminhada da animalidade ao Ser social. Este processo parte da história que deve ser considerada a primeira ciência, na medida em que fornece os elementos para essa compreensão. Parte-se da concepção materialista da realidade, visto que é da concretude que se estabelece o pressuposto de que o humano produz o seu mundo e a si mesmo pelo trabalho, e que a primeira relação de produção é a do macho X fêmea gerando um novo ser. A partir daí, são criadas as condições para atender às suas necessidades: conhecer os materiais e aperfeiçoá-los, cada vez mais, com o conhecimento e o desenvolvimento acelerado da tecnologia.
Partindo da afirmativa de que o Humano, gerado pela Mãe-Natureza, é apenas um dos seres do mundo animal, que em sua caminhada “constrói a sua própria vida através do trabalho” – categoria básica do pensamento para a compreensão desse processo, pode-se contemplar, ainda que de maneira esquemática, o universo geral em que os humanos se inserem, percebendo-se que o ente, o ser, aquilo que existe não é, uma vez que tudo pode ser agrupado em três níveis: o ser inorgânico; o ser orgânico e o Ser social. E nesse processo duas características são determinantes: a unicidade e a complexidade. A distinção dos níveis não se suprime, porque eles se articulam e se completam num processo dinâmico formando um todo. O planeta Terra forma um todo em sua particularidade, mas é articulado com os demais planetas formando o Universo, onde está a Natureza que, enquanto ser, é considerada a mãe de todos os seres vivos, entre eles o humano, a quem oferece todos os elementos necessários à construção do mundo e organização da sociedade.
Em relação ao humano, enquanto Ser social, é preciso destacar que ele é um ser unitário. E este é o ponto de partida para a compreensão do indivíduo. Os indivíduos são seres orgânicos, uma vez que o Humano é um animal, porém, enquanto ser orgânico, ele se produz e se reproduz numa constante simbiose como ser orgânico e inorgânico que é. E a sua existência, como Ser social enquanto ser orgânico, numa constante simbiose interage com os seres inorgânicos, o que garante a sua existência. Basta pensar na relação sociedade X Natureza. O Ser social, enquanto ser orgânico, desenvolve necessariamente uma simbiose com os seres inorgânicos. Veja-se, por exemplo, o que aconteceria se fosse cortado, de repente, o suprimento de sais minerais do organismo humano. O metabolismo entraria em colapso e, se não atendido, seria aniquilado. Porém, há determinados tipos de seres que transitam de um nível a outro. Observe-se, por exemplo, a moderna pesquisa biológica. Pensemos no petróleo, que é o resultado de um processo histórico de fossilização orgânica. Partindo desses pressupostos, a primeira observação a ser feita é que os níveis do ser não significam que eles tenham existência autônoma, mas, ao contrário, estão numa constante simbiose, numa constante interação.
Daí a questão de sua unicidade. Apesar de ser uno esse ser tem diferenciações, porque a unidade é a unidade das diferenças, e a diferença está no grau de complexidade. Todos os seres em seus níveis (inorgânico, orgânico e social) são complexos, no entanto, o grau de complexidade é diferente de um nível para outro. O Ser social é muito mais complexo do que o ser orgânico e, por sua vez, este é muito mais complexo do que o ser inorgânico. A diferenciação se dá na estrutura interna de seus níveis. Se isso é verdade, não se pode extrapolar os padrões de conhecimento e de pesquisa de um nível para outro. Isso quer dizer que, se a complexidade do nível, por exemplo, do Ser social, é distinta dos outros níveis, não se pode transferir de um para o outro o nível de características, legalidades e processos que são específicos de um deles, porque isso significaria a sua própria existência e unicidade.
Pata tornar mais clara a questão, tome-se o exemplo da teoria da evolução de Darwin. A Teoria de Evolução das Espécies foi resultado de um árduo processo intelectual de pesquisa e investigação. E uma das teses que a sustenta é a de que as espécies que se mantêm apresentam uma dupla característica: a) têm uma margem maior de adaptabilidade às mudanças de seu meio-ambiente; b) nesse processo de adaptabilidade as espécies mais resistentes, mais fortes e mais complexas, sobrevivem. Isso é verdade para o mundo animal, porém, isso não é verdade, não funciona para o mundo humano. Na medida em que daí são inferidas algumas implicações para o Ser social, é constituída a teoria racista da superioridade da raça branca, como fizeram ou tentaram fazer os nazistas.
Na realidade, o que se quer dizer é que esses níveis do ser se constituem numa unidade diferenciada em seu grau de complexidade, logo, exigem tratamentos específicos para o seu conhecimento. E, ainda, ao se admitir que a teoria evolucionista explica o mundo orgânico, é inadmissível que ela explique o Ser social, o Humano, porque o grau de complexidade e a natureza desse Ser social são distintos da natureza do ser orgânico, que se constitui numa universalidade em si e numa particularidade frente aos demais seres. Conhecer o humano enquanto Ser social é conhecê-lo em sua diferenciação imanente, é levar em conta a sua unidade, é tratá-lo em sua diferenciação. É preciso não esquecer as características do Ser social como sendo um ser orgânico e inorgânico. Daí a preocupação em cuidar do planeta Terra e da mãe Natureza. Fundamentado no inorgânico e no orgânico, o Ser social avança num salto de qualidade e constrói seu próprio mundo em toda a sua complexidade. Para compreender esse processo é preciso verificar a afirmativa marxiana: “A anatomia do Humano é uma chave para se compreender a anatomia do macaco”[1]. Isso porque não é que “as espécies animais inferiores indiquem uma forma superior”, o processo é exatamente o contrário, “conhecida a forma superior pode ser compreendida a forma inferior”. A célula só foi identificada e conhecida a partir do conhecimento do corpo humano.
Logo, sem o ser orgânico e o ser inorgânico não existe Ser social. A sociabilidade depende, para sua produção e reprodução, do ser orgânico e do inorgânico, porque cada um dos indivíduos é um Ser social, mas o é na medida e na escala em que a estrutura orgânica e a estrutura inorgânica suportam esse ser. E se o circuito for desligado, for retirado, o Ser social desaparece, porque o suporte do humano, Ser social, é essa simbiose entre sociedade X Natureza. Sem a Natureza não existe Ser social, contudo, o inverso não é verdadeiro, uma vez que a Natureza prescinde da sociedade, mas a sociedade não pode prescindir da Natureza, enquanto mãe geradora, e da Terra – Gaia –, enquanto seu habitat.
É preciso entender a questão crucial para o Ser social – ele se relaciona com o ser natural, com a Natureza, mas o faz através de uma mediação, que é a própria sociabilidade. Um exemplo muito simples: nenhum indivíduo deixa de ter diariamente um intercâmbio qualquer com a Natureza. Todos os indivíduos precisam ser alimentados, contudo, nenhum desses que vivem nas cidades têm contato direto com a Natureza, porque a comida que chega à sua mesa é produto de um conjunto extremamente complexo de relações sociais que começam na plantação, passando pela comercialização, que está permeada de valores. Normalmente, não se come com as mãos, usa-se garfo, faca, colher, mesa, etc. É todo um ritual cultural, um conjunto de valores que se materializam nesses objetos. Por isso a relação do Ser social com a Natureza é mediada pela sociabilidade. O Ser social é um conjunto de atributos, de características, de traços que se constituem, que se desenvolvem construindo-se e se desenvolvendo historicamente. Esses atributos formam uma constelação e, enquanto configuração se constroem, se engendram e não elidem e não suprimem a sua base natural, na medida em que o determinante é a base inorgânica e orgânica. Daí se supor sempre e necessariamente uma base orgânica e inorgânica. Tanto hoje como há milhares de anos, o humano precisa comer, vestir, ter habitação e outras coisas mais para que possa necessariamente viver e se reproduzir. É preciso que fique claro: não existe sociedade sem Natureza, e é precisamente nesse confronto que se constrói e se constitui o Ser social. E esse confronto começa com a atividade prática: o trabalho. Logo, o Ser social se constitui e se constrói no processo do trabalho.
O trabalho que constitui o humano, enquanto Ser social, não é uma atividade qualquer, resultado da simbiose entre sociedade e Natureza construindo no planeta Terra o seu habitat; não é apenas uma atividade mediante a qual se mantém e se reproduz. Não é apenas isso, porque, sob essa perspectiva, atividades produtivas e reprodutivas existem em todo o conjunto da Natureza, se pensarmos na abelha construindo a colmeia e no castor construindo as barragens. Esses seres desenvolvem atividades sem as quais não produzem e nem se reproduzem. Entretanto, o trabalho humano não é uma atividade dessa espécie, é uma atividade muito mais complexa, “Homem é um animal que fabrica instrumentos”[2]. O que caracteriza o trabalho que funda o Ser social, é ser um trabalho mediatizado, porque entre o humano e o objeto de sua atividade não há uma relação imediata, a relação é inicialmente posta pelos instrumentos. O Humano é o único ser que em sua atividade produtiva introduz mediações entre ele e o objeto de sua atividade. Assim, primeiro é o instrumento; depois é um conjunto de conhecimentos sobre o instrumento e o objeto sobre o qual opera, sobre o qual atua e desenvolve a sua atividade, construindo, reproduzindo e aperfeiçoando a sua capacidade pelo conhecimento e pela técnica.
Contudo, falar em objetos é falar em teleologia, isto é, falar de um sistema de relações entre meios e fins (a finalidade, o objetivo, a meta, o fim), porque o trabalho da abelha, do castor, do pássaro joão-de-barro e da aranha são extensões biológicas de sua natureza, ou seja, esses animais apenas obedecem a um impulso de sua matriz genética. Diferentemente se coloca o trabalho para o Ser social. Nele, o trabalho corresponde ao conjunto das necessidades enquanto ser, e é uma atividade que antevê, que antecipa o resultado final. Antes de a atividade se realizar concretamente no real, ela é elaborada, concebida racionalmente no pensamento, na ideia. Sobre esse processo teleológico, Marx diz o seguinte: “O que distingue um bom mestre de obras (ou arquiteto) de uma abelha não é o produto final do seu trabalho. A diferença está em que o mestre de obras (ou arquiteto) antes de começar a trabalhar ele antecipa o tipo de casa que vai fazer”. Uma abelha faz sempre uma colmeia bonita, um mestre de obras pode fazer uma casa bonita ou feia. A diferença está em que, antes de começar a trabalhar, o mestre de obras antecipa o tipo de casa que vai fazer. E falar em teleologia, em antecipação, é falar, necessariamente em projetos. Porque se antecipa, o humano tem uma atividade intencionalmente dirigida, uma atividade teleológica, ele faz projetos. Por isso pode escolher entre alternativas diferentes. Logo, tem alternativas para a realização de sua atividade, de seu trabalho, criando instrumentos cada vez mais especializados com a capacidade ampliada da técnica.
A atividade do humano, ou seja, o trabalho, implica em mediações, projetos, antecipações e, com isso, se põe mais dois traços do Ser social: 1) um universo simbólico; 2) um sistema de linguagem. O universo simbólico não está condicionado nem parametrado nos limites biológicos desse Ser social. Isso porque experiências recentes mostram que certas espécies de animais têm sinais de comunicação. Por exemplo, os golfinhos são capazes de estabelecer um sistema de comunicação com outros de sua espécie e com outro tipo de espécie. Entretanto, esse sistema de sinais é, necessariamente, limitado por seus próprios limites biológicos, uma vez que se trata de uma extensão da estrutura orgânica de sua matriz genética. O sistema de linguagem do Ser social não está na direta relação ou dependência de sua estrutura orgânica. Pense-se, por exemplo, na linguagem articulada onde há todo um conjunto de fonemas que permite uma carga comunicativa infinita, porque projetar, se antecipar no âmbito dessa atividade implica no desenvolvimento da linguagem. A atividade do trabalho humano é necessariamente coletiva. É por isso que as pesquisas antropológicas relacionam o aparecimento da música à objetivação dos humanos. Esse processo está diretamente ligado à necessidade de estabelecer ritmos coletivos de trabalho. Esse coletivo não é puramente gregário, também identificado nos outros seres, mas é um coletivo que implica, antes de tudo, numa instauração simbólica, que não é encontrada em outros seres do mundo orgânico.
No processo de construção da fala e do desenvolvimento da linguagem, emerge também o processo de consciência. A consciência é um produto tardio do humano, mas isso não quer dizer que é menos importante, ao contrário. Ela é posta exatamente depois de todo um processo histórico de construção do próprio homem a partir do trabalho. A consciência brota no humano de sua relação, em primeiro lugar com a natureza; depois com os homens entre si. A “linguagem é tão antiga quanto a consciência”, ou, mais ainda, “a linguagem é a consciência real, prática, que existe para os outros e, portanto, existe também para mim mesmo”. Acrescido ainda de que, “a linguagem, como a consciência, nasce da carência, da necessidade de intercâmbio com os outros” em seu processo de relacionamento. Isso porque o animal não se relaciona, só o homem faz isso. Logo, “onde existe uma relação, ela existe para mim.” Então, para o animal “sua relação com outros não existe como relação”. Assim é que, desde o início “a consciência é um produto social e continuará sendo enquanto existirem homens”, pois “a consciência é, naturalmente, antes de mais nada, mera consciência do meio sensível mais próximo e consciência da conexão limitada com outras pessoas e coisas situadas fora do indivíduo que se torna consciente”[3], e nesse processo ele vai construindo sua própria humanidade.
É preciso esclarecer que, na medida em que os seres humanos vão se reconhecendo uns aos outros, enquanto da mesma espécie e estabelecendo um processo de consciência das coisas situadas fora do indivíduo, vão compreendendo a sua própria relação com a Natureza. Assim, seu processo de conscientização é, ao mesmo tempo, “consciência da Natureza que, a princípio, aparece aos humanos como um poder completamente estranho, onipotente, inexpugnável, com o qual se relacionam de maneira puramente animal…, é, portanto, uma consciência puramente animal da Natureza”. A essa relação, Marx chama de “religião natural” que é, na realidade, uma forma determinada de relação com a Natureza, condicionada pela forma de sociedade e vice-versa. No processo de aperfeiçoamento cada vez maior de sua humanidade, o Ser social vai desenvolvendo também a sua consciência. O começo desse processo é animal, isso porque “trata-se de simples consciência gregária, e o humano se distingue do animal unicamente pelo fato de que nele a sua consciência toma o lugar do instinto ou de que seu instinto é consciente. Essa consciência de animal ou tribal desenvolve-se e aperfeiçoa-se ulteriormente “em razão do crescimento da população, que é a base para o crescimento da produtividade, também responsável pelo aumento das necessidades”. Os instintos vão dando lugar aos sentidos e direcionando a fantástica caminhada da animalidade ao Ser social em busca de sua emancipação.
Um momento muito importante no processo de construção da humanização se dá a partir do aumento da população, do crescimento da produtividade e aumento das necessidades. Foi exatamente a divisão do trabalho que, num primeiro momento, é apenas “a divisão do trabalho no ato sexual e, mais tarde, a divisão do trabalho que se desenvolve por si própria “naturalmente”, em virtude de disposições naturais (vigor físico, por exemplo), necessidades, acasos, etc.”. Porém, é preciso ficar bem claro que, para Marx, “os humanos desenvolvem a consciência no interior do desenvolvimento histórico real”. No processo de estabelecimento da divisão do trabalho, ela se torna realmente divisão, “a partir do momento em que surge uma divisão entre o trabalho material e o espiritual”. E, a partir daí, identifica-se que “a primeira forma dos ideólogos, que são os sacerdotes, coincide”, exatamente com essa divisão entre trabalho material e trabalho espiritual. É por isso que, “a partir desse momento, a consciência pode realmente imaginar ser algo diferente da consciência da práxis existente, a reapresentação real de algo sem representar algo real. Desde esse momento, a consciência está em condições de emancipar-se do mundo e entregar-se à criação da teoria, da teologia, da filosofia, da moral, etc., puras…”. Ressalta ele que “é indiferente o que a consciência sozinha empreenda, o importante e fundamental é a construção de uma consciência social que emerge a partir de três elementos: 1) a força de produção 2) o Estado social; e 3) e a consciência, que entram em contradição entre si, porque, com a divisão do trabalho, fica dada a possibilidade, mais ainda, a realidade, de que a atividade espiritual e material…. a atividade e o pensamento, isto é, a atividade sem pensamento e o pensamento sem atividade… – a fruição e o trabalho, a produção e o consumo – caibam a indivíduos diferentes”. E ainda, a “possibilidade de não entrarem esses elementos em contradição reside unicamente no fato de que a divisão do trabalho seja novamente superada”. O trabalho deixa de ser meio para o processo de humanização e passa a ser a finalidade do humano, porque é pelo trabalho que ele se estranha da natureza e produz o seu próprio mundo. Daí a Natureza ser a mãe e o trabalho o pai, na humanização do Ser social.
A expressão idealista dos limites econômicos existentes não é apenas puramente teórica, mas existe também, na consciência prática. “A consciência que se emancipa e entra em contradição com o modo de produção existente não constitui somente religiões e filosofia, mas também Estados” que nada mais são do que garantidores da reprodução da sociedade, forma de organização social no momento histórico. Atualmente, a sociedade capitalista vive uma crise estrutural e insanável, e a única forma de sua sobrevivência é a destruição de tudo o que foi produzido, de todo o aparato tecnológico e científico e, mais ainda, a destruição da Mãe Natureza comprometendo o seu habitat, o planeta Terra – Gaia.
Assim sendo, a superação da divisão social do trabalho, da forma de organização da sociedade burguesa, que foi importante no processo de construção do mundo humano, virá com o aperfeiçoamento dessa divisão do trabalho, visando à produção de um excedente capaz de atender a todas as necessidades materiais do humano. Contudo, essa sociedade que foi capaz de produzir tanta riqueza, hoje, veda a possibilidade de continuar esse processo de construção. É preciso, então, que ela seja superada para que o ser humano possa continuar no processo de seu dever-ser, que é a realização da sociedade humana, ou humanidade social, momento no qual ela se reconheça, enquanto gênero humano, da mesma espécie, e possa realizar as suas potencialidades reconhecendo que o planeta Terra – Gaia – é seu habitat natural, e que a Mãe Natureza lhe fornece todos os elementos para a construção de uma sociedade verdadeiramente humana, emancipada.
Daí então, emerge o “paraíso feito de leite e mel” para uso e usufruto de todos os seres viventes, momento em que todos se reconheçam como filhos de uma mesma Mãe, a Natureza, e como Ser social – a unicidade na diversidade da sua própria espécie, a Humana. Aí então, a emancipação social se realizará e estará posta concretamente à Sociedade verdadeiramente Humana, habitando em plenitude em sua morada, o planeta Terra – Gaia.
[1] MARX, K. – Prefácio da “Introdução à Crítica da Economia Política (1869)
[2] Idem, idem.
[3][3] Idem, idem
*Ivanilde Morais de Gusmão professora, advogada, ensaísta, contista e poeta. Estudiosa de Karl Marx e da Literatura. Membro de várias Academias. Vários livros de ensaios publicados sobre a obra de Marx, e de poemas em inglês/francês/italiano/espanhol. Participação nas coletâneas: Editoras Sem Fronteiras pelo Mundo; Helvetia Edições; ACIMA/Associazione Culturale Internacionale Mundiale); CULTIVE; Editora NovoEstilo; HOMENAGEM ÀS MULHERES; TOQUE (aldravia); Poesia em Tempo de Pandemia; PAI: palavra que carrego em mim. TEMPO PARTIDO: resgatando sentimentos de humanidade; FOME DE QUÊ?. Implantou e coordena o ESMUSA: Espaço de Múltiplos Saberes.