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Anastácia Bonilla

Anastacia

Manjar de si

 

De ser visto,

De carinho,

afeto.

De compreensão.

De ser reconhecido.

De uma prole, um grupo.

 

De esperanças ao ponto de que

palavras te las come,

promessas te las tragas,

emoções te emocionam.

 

Fome… fome de ter fome.

Mas não qualquer fome. Aquela fome que quando te perguntam: “o que você deseja comer hoje?”

 

Começa todo o ritual:

Huuum, fecha os olhos, expira, inspira.

Huuum… move a língua, a boca, chasquea.

 

Nesse momento vem à boca todo aquele sabor, que faz salivar mais; vai descendo pelo corpo e despertando um prazer, satisfação, sacidez.

 

Vida, só tem fome quem quer viver… ultimamente não tenho tido fome de nada. Como sem ter fome, outras vezes por vontade, às vezes como até porque é hora de comer.

 

Sensação que traduz o desejo.

O que você deseja?

Desejo desejar com ser completa.

Desejo que me desejem completa.

Desejo que meu desejo seja meu direito de desejar.

 

Desejo desejar tanto que já só o meu desejo de fome seja o desejado.

 

Minha fome que desejo sou eu.

Deixam-me comer?

 

Não… me equivoquei.

 

Vou-me comer.

Que desfrute.

 

Hum.

Huuum…

 

Um manjar.

Amar-se já.

 


Anastácia Bonilla

Designer, recifense, latina-brasileira, artista de nascimento, escritora de alma.

7 respostas

      1. Delícia de leitura. Profunda, ousada, sincera. A literatura precisa desse diferencial. Parabéns, Anastácia!

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