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Hoje eu fui conhecer o lugar onde viveu a pessoa que mais amei no mundo. Encontramo-nos muitas vezes nesta vida até que ela faleceu e me deixou como herança o aprendizado de uma vida além de me cobrir com um afeto muito inteiro e profundo, desses que não geram apego ou dependência. Dessa mulher sábia, eu aprendi o valor do silêncio e da convivência sadia. Aprendi uma noção de quase tudo desde o que estava para o intelecto assim como ter a dignidade de transitar por todos os lugares. O poder da indulgência. Como era lindo esse ser que tanto afagou a mim, aura tão luzidia. Alguém que amava sem necessidade, o amor que tanto liberta. Pois o amor de verdade faz sentir a essência e assim aprendi que não preciso estar todo o tempo com as pessoas que mais me sinto bem.

Fui ver onde morou, vivia em um quarto nos fundos de uma casa muito grande. Uma porta estreita dessas que se compõe de duas portinholas. Uma cama, uma pequena escrivaninha, uma estante de madeira com alguns livros e objetos, era tudo tão incrível. Mais uma vez Cora me surpreendia, pois em ver tudo me deu uma saudade da ternura que passava, algo que já não se tinha muito por aqui. Conheci as pessoas que moravam na casa grande e pensei como aquelas pessoas tinham muito conforto material, entretanto existia nada mais que vazio, um vazio interior intrínseco em todos cômodos cheios de luxo e mais nada. Antes de sair fiz questão de entrar novamente na casa de Cora, de sentar na beirada da cama, de passar a mão levemente nos lençóis macios com bordados delicados para levar comigo a lembrança da sensibilidade aguçada de um ser humano. Como era bonito aquele refúgio, a beleza tão simples do único cômodo de quem se dedicou às coisas mais incríveis e que trouxe tanta luz para muitas pessoas atuando como professora da vida e poeta. Quando morreu, eu já possuía tanta coisa. Aos poucos me ensinou a escrever e ensinar, preparou-me das incoerências da vida e de como ficar bem longe de toda mediocridade humana. Quando já não pude conviver com Cora, eu já era feliz simplesmente por gostar de viver quando tudo ia bem ou não. O maior ensinamento de Cora e que me libertaria por toda a minha vida.

 

A mulher que vive em mim

É tão sublime quando se pode elevar a consciência.

Pousar os pés na terra e ver-se êxtase da vida

Apaixonar-me por todos os seres e a maneira com que sentem a vida.

Ver nas mulheres um espelho, um exemplo de gestos femininos.

Como uma mãe que ensina a sua filha todas as sutilezas em delicada prudência.

De atos elegantes e afetivos fazendo da vida algo totalmente belo.

Desde a forma como se veste à maneira como se torna tão companheira daquele que será o seu marido.

Do berço que nasce o rebento não padece de indulgência e a sabedoria dos que esperam o filho maturar.

Hoje eu olhei para aquela mulher tão imponente nos atos, tão bonita no jeito como se envolve com a vida.

Eu olhei para mim e quis ser como ela. Tão bonita no seu lugar e eu no meu observando de forma sábia aquela mulher que tanto me motiva e me faz querer ser eu com muita feminilidade e elegância. Querendo ser também materna.

 


Tânia Consuelo

De Brasília De Recife

Formada em Letras, cursando Educação Inclusiva na Udf.

Professora na Biblioteca Nacional de Brasília.

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