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Nos textos sagrados, lá no livro do Gênesis, que significa nascimento, criação, princípio, a narrativa diz que, para fazer o homem, Deus apanhou um pouquinho de barro e soprou.

Os registros sagrados contam assim, mas eu tenho outras fontes de informação que confirmam o que diz a Sagrada escritura, mas disseram-me muito mais. Quando foram criados, o homem e a mulher, todas as outras espécies já tinham passado pelas mãos do Criador. E a Arara Canindé, a ave mais colorida do Brasil, garante que foi a primeira a ser criada, e é ela a minha fonte secreta de informações.

Contou-me que, ao ser criada, era de uma única cor – a cor da terra –, e que o Criador a olhou nos olhos e disse-lhe que ela poderia ser mais bonita, mais colorida. E assim fez: foi pegando punhadinhos de cores diferentes de barro, e foi lhe dando formosura. A danada da Arara Canindé disse, inclusive, que foi a partir dela que todas as outras espécies foram criadas. Envaidecida de si mesma, e convicta do que estava dizendo, afirmou: – Veja, tem cor minha em todos os outros seres, aliás, até mesmo o humano, que se acha muito superior, carrega em sua tez a variação das cores das minhas penas, bico, olhos e pés.

O Criador não economizava criatividade. Catava os punhados de terra e ia criando ao seu bel-prazer, o que lhe vinha no pensamento. No instante em que fez o pavão, Ele colocou a ave, que ainda não era ave porque estava nua de sua futura plumagem, sobre a palma da mão, e soprou o arco-íris. Aí o pavão se sacudiu abrindo o leque mais colorido do mundo. Diante desse espetáculo de cores, eu fiquei maravilhada, mas confesso, não tive inveja, pois cada ser é um pedacinho da Terra e passou pelas mãos do Senhor. A Terra, matéria prima de onde tudo vem, é o ventre engravidado, que tudo gerou e gera desde sempre. Disse-me o Urubu, ave que ganha as alturas do céu, que as estrelas do firmamento têm a poeira da Mãe-Terra, e que os raios que saem dos trovões são beijos de saudações por tamanha grandeza que existe no solo que deu origem a tudo.

 

Colly Holanda

Natural de Natal-RN, a geógrafa Colly Holanda reside no Recife-PE. É autora de oito publicações infantojuvenis e duas nos gêneros crônica e poesia. Participa de mais de 30 antologias. É declamadora, contadora de histórias, escritora e associada a instituições literárias nacionais e internacionais.

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Respostas de 4

  1. Parabéns Colly ,por mais essa criação,que comprova sua criatividade,e de forma genuína o seu modo de SER,o seu grito de guerra à nós convocar a viver A VIDA! A MAE TERRA ,agradece o colorido que deu quando da sua criação

  2. Muito criativa com um toque de suavidade, alegria e poesia! Parabéns! Leitura leve e encantadora!

  3. Colly Holanda é inspiração em pessoa. O sorriso expontâneo é sua marca registrada e a alegria em Colly faz morada. O texto colorido e alegre olhando para o pelo de “Gaia” é uma opção, e sempre será de Colly.

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