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Bruna Estima Borba é o Destaque artístico-literário de maio

Bruna Borba Destaque artístico-literário Maio/2021

PERFIL LITERÁRIO

 

Bruna Estima Borba é natural do Recife. É escritora de novelas e contos ambientados em sua cidade. Sua literatura é contemporânea contendo, de passagem, referências históricas. A narrativa é leve, tendendo para a comicidade, sem descuidar de sentimentos e emoções. Professora universitária, é autora de contos e das novelas “Tempo” e “Vivendo as circunstâncias”, já publicados.  No prelo estão “O Edifício Estrela” e “O Alfinete Mágico”, este último voltado para o público infanto-juvenil. É responsável pela série histórico-sentimental “Enquanto você nascia” que pode ser lida no site Livros Digitais. Participa do grupo da Cultura Nordestina Letras e Artes e do coletivo literário Trupe da Escrita, além de, na Oficina Poesia em Curso, redigir sua prosa poética. Sua obra, já premiada pela Academia Pernambucana de Letras, está disponível em livro impresso e em meio virtual no site da Amazon.

Contatos: E-mail: brunaestimaborba@gmail.com; Facebook: https://www.facebook.com/ bruna.borba.501; Instagram: @bruna_estima_borba

Minicurrículo

Bruna Estima Borba é casada e tem dois filhos. É nascida no Recife, onde reside. É graduada em Engenharia Mecânica e Direito, com Doutorado nesta área. Auditora Fiscal da Receita Federal aposentada, é professora universitária da Faculdade de Direito do Recife, UFPE.

 

ENTREVISTA*

 

  • Cultura Nordestina

Partindo do pressuposto de que cada um de nós tem um papel a desempenhar na sociedade, gostaria que você dissesse quais os papeis desempenhados pela:

 

  • Bruna professora

Diria que o magistério é a tarefa mais relevante havida na sociedade. A transmissão de conhecimentos permite que se retorne ao passado, descreva o presente e idealize o futuro. Na Antiguidade, Aristóteles construiu sua teoria das causas e, quase três séculos depois, Virgílio afirmou “Felizes os que conhecem as causas das coisas”. Em busca do conhecimento seguimos sobre os ombros das gerações que nos antecederam. Como ignorar a importância dos professores, nós que somos o instrumento da disseminação não apenas “das causas das coisas”, mas principalmente do amor ao conhecimento? Irmão da sabedoria que dele necessita para existir, conhecer é saber seguir o fio que conduz a humanidade.

Penso e sinto que ter sido professora me agraciou com uma atividade cujo desiderato é belíssimo: o conhecimento.

 

  • Bruna escritora

Sei que palavras criam ideias e que ideias mudam o mundo. Contudo, devo confessar que não almejo tanto. Não escrevo para disseminar pontos de vista – por que os meus valeriam mais que os outros? Não pretendo influenciar, modificar pensamentos ou ações, embora reconheça que muitos são tortos e várias são péssimas.

Escrevo por prazer e necessidade.

Dizem que a mentira é o patrimônio do escritor e que a imaginação é seu limite. Como poderia ressuscitar alguém querido, a não ser num conto fantástico em uma página de papel?

Ao lado de dar vazão aos pensamentos, sinto-me extremamente feliz por ter leitores, por crer que há pessoas que se agradam de meus escritos, por acreditar que sou capaz de fazê-los rir ou, às vezes, chorar. Agradeço todos os dias por isso, por escrever e ser lida, por todas e todos que me dão este presente desinteressado.

 

  • Bruna cidadã

Talvez a cidadania seja o papel mais importante que alguém possa desempenhar na vida em comunidade. E também o mais difícil de se autorreferir.

Poderia falar dos trabalhos que desempenhei, mencionar os tributos que paguei, todas as leis que obedeci. Porém, penso que minha melhor atuação foi como mãe. Tive filhos e os criei, são hoje duas pessoas encantadoras que doei ao mundo. Sinto que vou-me deixando mais que quando cheguei. Ao contrário de Machado, congratulo-me por ter transferido para eles o legado de nossa humanidade.

Em suma, afirmo sem dúvidas: meu melhor papel como cidadã realizou-se no espaço privado de minha vida, o de ser mãe.

 

  • Cultura Nordestina

Se você fosse convidada a participar de um fórum mundial sobre o destino do planeta Terra, quais seriam as suas propostas, no que diz respeito ao relacionamento homem X natureza?

  • Bruna Borba

Desde que Malthus afirmou, séculos atrás, que a população cresceria em proporções geométricas e os meios de sobrevivência em proporções aritméticas, o mundo se vê às voltas com questões ambientais. Errava o economista do século XVIII, pois o desenvolvimento industrial proporcionou à humanidade meios – agricultura transgênica, tecnologia de criação e abate de animais, alimentos processados – de sobrevivência. Mas, como dizem os mesmos economistas, não há almoço grátis. A natureza pagou o preço de nosso almoço.

Acredito que a educação é salvadora: salva o homem de sua própria ignorância. Portanto, teria como proposta – mantendo-se as políticas já existentes como a do poluidor-pagador e outras de incentivo à sustentabilidade – a inclusão obrigatória nos componentes escolares de disciplina voltada para a conservação e respeito à natureza.

 

  • Cultura Nordestina

Qual a relevância das artes para o desenvolvimento humano?

 

  • Bruna Borba

Há mais de dois mil anos Aristóteles expôs suas ideias sobre Política, Ética e Poética. Nesse último campo, definiu as formas literárias – o drama, a epopeia e a tragédia – mencionando na introdução que trataria de outro gênero, a comédia, em um segundo volume, infelizmente desparecido. Mencionado em o Nome da Rosa de Umberto Eco, é certo que esse segundo livro existiu. Nele, Aristóteles afirma que o riso é próprio do homem. Isso significa que a racionalidade não é o único atributo essencial da humanidade. Nem é na lógica que se resume o humano. Ou seja, não apenas as ideias lógicas, mas também as artísticas, frutos da imaginação, mesmo que prescindam da criação de qualquer conhecimento prático ou científico, fazem parte da natureza humana. A arte existe em nós. E a reconhecemos por meio de nossos sentidos que a denunciam, fazendo pulsar mais forte nossos corações.

 

  • Cultura Nordestina

Você acha que a cadeia produtiva cultural, no Brasil, é compatível com a demanda da produção intelectual?

 

  • Bruna Borba

O trabalho dos autores Marrone e Valiate[1] relata que entre 2011 e 2015 “A cadeia produtiva cultural expandiu, incorporando novas conexões e contribuiu positivamente para a economia brasileira. O setor cultural foi classificado como um usuário líquido de insumos do resto da economia. Ele mostrou fortes ligações diretas e indiretas para trás, comprando insumos intermediários de muitas atividades.” Dados atualizados para 2021 não foram encontrados, mas pode-se esperar uma desaceleração nesse processo, ao menos em razão da pandemia que perdura desde os fins de 2019.

A produção intelectual é um dos dados coletados pela Plataforma Sucupira[2], pertencente à CAPES do Ministério da Educação. Contudo, prestar informações sobre essa demanda, em conexão com o desempenho da cadeia produtiva cultural requereria maiores conhecimentos e análises sobre o tema. Infelizmente não me sinto à altura para responder com correção.

O que se pode afirmar, sem receio de errar, é que o espectro cultural do Brasil atual, no contexto de restrições sanitárias, sofre ainda mais que outras dimensões produtivas, fazendo com que seus atores se transformem em verdadeiros heróis, sobreviventes das tristes circunstâncias em que vivemos.

 

  • Cultura Nordestina

No momento atual, quais são as suas expectativas de realização pessoal para os próximos dois anos?

 

  • Bruna Borba

Seguir vivendo, escrevendo, fazendo o bem em minhas limitadas oportunidades, evitando o mal em minhas pequenas circunstâncias.  Mantendo e conquistando leitoras e leitores.

 

[1] https://revistas.face.ufmg.br/index.php/novaeconomia/article/view/5769

[2] https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/producaoIntelectual/listaProducaoIntelectual.jsf

 

SERVIÇO

https://www.culturanordestina.com.br

Programa Destaque artístico-literário – Ano IV

Coordenação geral: Bernadete Bruto | Coordenação especial: Eugênia Menezes, Raldianny Pereira e Taciana Valença

Realização: Ponto de Cultura Nordestina Letras & Artes

Endereço: Rua Luiz Guimarães, 555, Poço da Panela, Recife-PE

Contatos: (81) 30973927 | 981137126

*Elaborada por Salete Rêgo Barros

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