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Bernadete Bruto: um brinde à vida, por Patrícia Tenório*

DESTAQUE LITERÁRIO DE SETEMBRO, 2019

Octavio Paz já dizia no seu O arco e a lira** : “O artista é criador de imagens: poeta”.
Talvez esta seja a melhor tradução para Bernadete Bruto: artista criadora de imagens: poeta.
Nascida em Recife, Pernambuco, mas navegante de inúmeras cidades do mundo inteiro, essa metroviária, socióloga de formação, mãe de André e Helena e avó de Olívia, transmuta sua vida em arte, da mesma forma que a arte alimenta e mantém o seu viver.
Hoje já não me imponho
Me exponho!
Já não me encolho,
Canto.
Já não me espanto,
Aceito.
A vida,
As pessoas.
Na tranquilidade
Da maturidade
Não pergunto,
Vivo!
Não questiono
Para onde vou.
Hoje reverencio,
A mim,
O que sou.***

Tudo começou em 2008. Novo ciclo de vida, mudanças, busca de um espaço para se expressar. Com a herança da mãe que recitava de cor poemas e a admiração nos escritos da irmã mais velha, Berna se lança na poesia performática, se unindo a diversas instituições e grupos que fomentam a arte na cidade do Recife, a cidade do seu coração.
Minha cidade
Não é só paisagem
Para mim
Gosto e cor
Tem cara de festa
E som particular
O Recife do meu coração
É atemporal…
São muitas pessoas
Várias épocas
Tantos lugares…
Tantas imagens na memória
Também é história
A viver eternamente
Em minha recordação.****

Mas não é só a si mesma que Berna deseja expressar. É ao sonho antigo de outros poetas na cidade, poetas feito ela que procurou um lugar para espalhar suas sementinhas de poesia, seus afetos de palavras que reverberam em outras paisagens, outros mundos. Outros corações.
Neste mundo
Somos flores
Delicadas
Grandes
Pequenas
Coloridas
Diversificadas
Pelos canteiros da vida
precisamos ser
cuidadas
protegidas
Jamais despedaçadas!*****

E a vida lhe retorna em múltiplo com o nascimento da primeira netinha, em uma terra distante, lá no frio Canadá. Mas uma certa árvore acolhe a netinha e a poeta que sabe criar imagens.
Olívia nasceu em um lindo dia de outono, no Canadá.
Naquele momento, uma certa árvore estava vestida de marrom.
Aquela cuja folha é símbolo do Canadá: a Maple Tree.******

É hora de celebrar a vida de Berna, nossa Bernadete Bruto. Um brinde a esses doze anos de escrita, esses tantos de amizades. Esses Sessenta e um poemas para uma vida e que nos trazem a paz.
Quando a vida sucede em ordem
Tão tranquila e suave
Em tudo que se faz
Surge uma alma apaziguada
Seguindo serena na estrada
Sem se preocupar com nada
Chega enfim a estação da paz.*******

*Patrícia Tenório
Escritora, dezesseis livros (cinco no prelo) e uma das coordenadoras da Especialização Lato Sensu em Escrita Criativa Unicap/PUCRS. Contatos: patriciatenorio@uol.com.br e www.patriciatenorio.com.br

** PAZ, Octavio. O arco e a lira. Tradução: Ari Roitman e Paulina Wacht. São Paulo: Cosac Naify, 2012, p. 31.

*** BRUTO, Bernadete. Auto retrato. In Pura impressão. Prefácio: Valéria Loreto. Recife: Comunigraf, 2008, p. 31.

**** BRUTO, Bernadete. Recife atemporal. In Um coração que canta. Ilustrações da autora. Prefácio: Ana Paula Cavalcanti de Pontes. Recife: Comunigraf, 2011, p. 23.

***** BRUTO, Bernadete. Somos Flores. In Querido diário peregrino. Fotografias: Wagner Okasaki. Prefácio: Elba Lins. Recife: Ed. do Autor, 2014, p. 64.

****** BRUTO, Bernadete. A menina e a árvore. The girl and the tree. Ilustrações: André Bruto. Tradução: Dulce Albert. Prefácio: Salete Rêgo Barros. Recife: Ed. do Autor, 2017, p. 10.

******* BRUTO, Bernadete. Tempo de paz. In Sessenta e um poemas para uma vida. Projeto gráfico, editorial e ilustração: Rozze Domingues. Produção gráfica e diagramação: Joselma Firmino. Revisão: Talita Bruto. Prefácio: Taciana Valença. Pósfácio: Maria das Graças Bruto da Costa Correia (Gracita). Recife: Companhia Editora de Pernambuco – Cepe, 2019, p. 87.

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Respostas de 3

  1. É um prazer enorme ter a poeta performática Bernadete Bruto como Destaque literário da Cultura Nordestina, do mês de setembro.

  2. Bernadete Bruto, criadora de tão maravilhoso projeto, cujo intuito é dar visibilidade aos escritores locais que desejam ver suas obras em destaque. Sim, agora é sua vez, poeta e amiga querida! Setembro, sim! Não à toa, não por acaso, Setembro é o mês da primavera, período de vida nova, novidades, movimento e transformações que a vida pede ou que podemos realizar nas energias de nossas vidas, em casa ou no ambiente de trabalho. Você, Berninha, é isso, movimento, vida, novidade sempre! Parabéns!

  3. Querida Berna, o seu carinho se expressa em seu sorriso marcante e e(terno). Pelas entrelinhas da sua poesia, dos seus escritos, é possível uma proximidade , uma vez que o seu estilo marcante e forte de (en)cantar e contar a vida é contagiante. Você merece todas as alvíssaras do mundo! Obrigada por tudo o que você constrói para ensinar a leveza da vida através da poesia.
    Luciene Aguiar

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