Venho com muita satisfação saudar o nosso querido Ed Arruda, destaque literário do mês de agosto de 2019, na Cultura Nordestina.
Ed já tem uma vasta experiência como contista em 14 antologias. Se ainda não publicou um livro em seu nome foi por opção e não por falta de talento. Entendo que esta opção de publicar em antologias é para chegar mais facilmente ao leitor. Assim Ed semeia seus textos num campo vasto, e cabe a nós a deixar germiná-los no cultivo da nossa sensibilidade.
Nosso homenageado possui verve de cronista: retrata com ironia e perspicácia tipos tão humanos quanto contraditórios. Sua prosa, concisa e clara, é uma coleção de polaroides urbanos, retratos de situações aparentemente banais que se revelam inusitadas e fascinantes. Fosse um cineasta, Ed se valeria inicialmente de planos muito abertos a fim de documentar as cenas em sua grandiosidade, para só então focar nas minúcias de cada personagem.
Ed é um escritor solar: o sol é quase sempre um elemento chave na composição de suas cenas. No conto “Praia Escura” a “brandura do sol” desaparece quando uma nuvem se interpõe como um tapume, numa bela metáfora que prenuncia o final redentor e a revelação de sua personagem. Já em “Tantos e Parcos”, o sol escorrega entre as frestas e invade a privacidade dos que ainda dormem ou se reviram na cama, sendo testemunha dos mais íntimos devaneios. Em “Riso à toa”, o sol se apresenta em traje de brilho numa manhã de terça-feira de outono. E, em “Sob o escudo da dança”, a praia iluminada pelo sol da manhã é também da dança. A dança – que tem em Ed, aliás, um exímio praticante – serve de escudo contra os dissabores da vida, mas simboliza a transcendência de quem vai além das amarras da rotina.
Ed Arruda escreve como quem dança. E assim nos encanta, com pequenos recortes de texto e gesto.