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A fotografia na maturidade plena, por Rivaldo Mafra

Publicação semanal de associados LETRART

Admirável mundo novo através das lentes

O aumento da expectativa de vida, fenômeno contemporâneo, possibilitou o crescimento da população de pessoas idosas. Livres das obrigações profissionais e tendo outras atividades cotidianas reduzidas, essas pessoas, quase sempre em maturidade plena, defrontaram-se com o tão desejado tempo livre. Saudado como libertação, tornou-se, em algumas situações, uma espécie de vazio. Vazio que pode se transformar em sentimento de inutilidade.
A reversão dessas situações é possível. Há escolhas diversas: viajar; doar-se aos familiares, em particular às crianças; prestar serviços às organizações beneficentes; voltar-se à literatura, à música, às artes etc. Entre essas opções, encontra-se a da fotografia. O domínio de um equipamento, que registra os acontecimentos no momento da ocorrência, e a criatividade exigida para construção e a obtenção de imagens são desafios para a mente. Registrando o belo e o inusitado, a fotografia torna-se alternativa prazerosa para o tempo livre e recuperação da autoestima.
A necessidade de “dom artístico” para fotografar não deve ser imperativa. É quase impossível ser totalmente desprovido de sensibilidade e criatividade. Porém, a criatividade precisa ser estimulada e alimentada por ideias e ações, senão morrerá.
Por outro lado, é fato inegável o envelhecimento biofísico dos olhos ao passar dos anos. Entretanto, mais grave é o envelhecimento do próprio olhar, por se acostumar a ver as coisas sempre da mesma maneira. As técnicas e as estratégias de composição conduzem à obtenção de imagens diferentes de: objetos comuns; locais conhecidos; e rostos familiares. Sob esta ótica, a atividade fotográfica apresenta-se capaz de contribuir efetivamente para o rejuvenescimento do olhar.
Aprender a fotografar é, portanto, ingressar nesse “admirável mundo novo”. Ainda mais, tendo como fonte de inspiração a sabedoria do poeta FERNANDO PESSOA

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto
Sinto-me nascido a cada momento
Para a “eterna novidade do mundo”.

Fonte. CHAUI, M. Iniciação à Filosofia. Editora Ática. 2010

Rivaldo Mafra é membro associado da LETRART e facilitador do curso de fotografia da Cultura Nordestina Letras & Artes
Rua Luiz Guimarães, 555, Poço da Panela
Fone: 3243-3927

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