Antigamente, quando alguém fazia uma traquinagem, os irmãos ficavam todos de castigo, por terem sido coniventes com o erro, e para que entendessem que atitudes individuais afetam a coletividade. Aí começavam as acusações mútuas e ninguém assumia a culpa – enquanto não se chegasse a um consenso, o castigo permaneceria.
Agora, a grande família é protagonista de uma situação semelhante: estamos todos de castigo. Arrancaram os ponteiros do relógio, para que tivéssemos tempo de refletir sobre o que fazemos de errado; para enxergarmos a diferença entre desejos e necessidades.
Ainda não aprendemos a repartir os brinquedos para que todos, juntos, possam brincar; sentamos à mesa da mesma forma como fazíamos na infância – sem refletir a respeito de como se dá a produção, transporte e preparação dos alimentos; usamos os recursos tecnológicos sem imaginar os caminhos percorridos pelos que vieram antes de nós para que, hoje, usufruíssemos todos os seus benefícios; esquecemos nossos mestres, dos que nos ensinaram as primeiras letras aos que nos apontaram os caminhos da cidadania através do repasse de seus conhecimentos; esquecemos quem cuida de nossa saúde, arriscando a própria vida; quem limpa as nossas sujeiras.
De que forma estamos tratando a nossa Mãe Terra? Mamando sem parar, tirando os seus nutrientes, esgotando a sua paciência como se vivêssemos eternamente na infância? Temos uma dificuldade enorme em fazer projeções futuras – elas nos parecem distantes demais, a ponto de não enxergamos o limite entre o que foi, o que é e o que será.
Diante de tudo isso, trocamos acusações; não conseguimos fazer o mea culpa; não enxergamos o óbvio, não por cegueira, mas por comodidade; não escolhemos mudar o rumo e elegemos pessoas para fazer tudo por nós enquanto, passivamente, esperamos por um milagre.
Até quando ficaremos de castigo?
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Respostas de 4
Amei a metáfora Salete!
Pois é, Berna. Diante de tanta irresponsabilidade e de tanto mi-mi-mi, creio que ainda não saímos do estágio infantil.
Ah, Salete,
Como é importante essa reflexão em termos da Grande Família dos Humanos e sua relação coma Mãe Terra/Natureza, cujo Pai é o Trabalho!!!
Assim, vamos juntos irmanados na mesma perspectiva: construir a verdadeira Sociedade verdadeiramente Humana!
Com meu abraço fraterno,
Ivanilde Morais de Gusmão
Concordo, Ivanilde. Ao escrever o texto lembrei muito os nossos encontros nas Tardes de reflexões filosóficas. Saudades…