DIVULGAÇÃO SEMANAL DE ASSOCIADOS
Segundo Mário de Andrade, “Será sempre conto aquilo que seu autor batizar com o nome de conto”. Acho o conto um gênero difícil de escrever, talvez mais que o romance. Ao lermos uma narrativa extensa, podemos avançar as páginas que achamos maçantes, sem que se altere ou se fale que o romance é ruim ou mal escrito. Já no conto, narrativa curta, não o fazemos. Classificamos como bom ou ruim.
No magistral conto de Djanira Silva, encontramos como protagonista o porta-chapéus. Um objeto inanimado que se torna vivo através da imaginação da narradora.
ao segurar personagens – os chapéus e a bengala, ele – o porta-chapéus – é o mensageiro de boas e más notícias. Dependendo do chapéu pendurado, o comportamento da narradora muda psicologicamente. Ela podia fingir bom comportamento, ser verdadeira ou ficar triste. Possuía o protagonista outros atrativos: o espelho de cristal, que “iluminava a sala” e onde “as pessoas se conferiam quando entravam” e a criança “podia ver a alegria do sorriso furado dos seus sete anos”.
Nestas linhas a poeta-contista faz uso de metáforas, sua especialidade.
Como vemos, a narradora interage com o protagonista, até o triste final do conto.
Edgar Allan Poe, no século passado, já dizia: “Temos necessidade de uma literatura curta, concentrada, penetrante, concisa, ao invés de extensa, verbosa, pormenorizada… É um sinal dos tempos…”
Para o nosso deleite, encontramos isso no texto leve e encantador que evoca reminiscências da autora – ou não – apenas imaginação.
Quem há de saber?
Parabéns, Djan!